De acordo com o general, a retirada das pessoas aconteceu gradualmente. Ele ressaltou que o acampamento era uma manifestação pacífica e não havia motivos para considerá-lo ilegal. Menezes destacou que nenhum órgão competente declarou o acampamento como ilegal e que o Exército não tinha autoridade para fazer tal declaração. Ele afirmou que a operação de desmonte foi complexa e que atuar sem uma ordem seria abuso de autoridade.
Durante o depoimento, o general foi confrontado com vídeos de acampados que relataram receber apoio dos militares na montagem das tendas e barracas. Ele negou categoricamente tais acusações e explicou que o perfil das pessoas acampadas mudou entre os dias 6 e 7 de janeiro, véspera dos atos golpistas. Segundo Menezes, no dia 6 o acampamento estava vazio e abrigava pessoas em situação de vulnerabilidade, como moradores de rua e pessoas sem condições financeiras para retornar aos seus estados de origem. Já no dia 7, houve uma grande chegada de ônibus com manifestantes de outros estados.
Sobre o impedimento da entrada da Polícia Militar do Distrito Federal no local no dia 8 de janeiro, quando ocorreram os ataques e depredações nos prédios dos Três Poderes, o general negou veementemente. Ele afirmou que, por volta do meio-dia, o Gabinete de Segurança Institucional acionou o Comando Militar do Planalto e enviou tropas de prontidão após a destruição, por volta das 21 horas. O foco nesse momento era dissuadir o retorno dos manifestantes ao acampamento e cumprir a determinação judicial de retirar todos os acampados em 24 horas, o que foi feito no dia seguinte por questões de segurança.
O general Gustavo Henrique Dutra de Menezes é um dos investigados pelo Ministério Público Militar no inquérito que apura negligência ou omissão nas invasões ocorridas em 8 de janeiro. Ele encerrou seu depoimento afirmando que todas as medidas tomadas foram dentro da legalidade e que agiu de acordo com as normas vigentes. O general reiterou que o Exército não teve qualquer intenção de reprimir ou cercear o direito de manifestação, mas sim de manter a ordem e a segurança no país.