O General Dutra nega qualquer falha na desmontagem do acampamento do Quartel General, rebatendo acusações de negligência.

No depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas, o general Gustavo Henrique Dutra de Menezes garantiu que não houve negligência ou inércia dos militares no desmonte do acampamento em frente ao quartel general do Exército, em Brasília. Menezes, que era o comandante do Comando Militar do Planalto na época, afirmou que o trabalho foi realizado de forma coordenada com os pedidos de aumento do policiamento e da segurança. Ele também relembrou que o acampamento durou cerca de 70 dias e que chegou a abrigar 100 mil pessoas em seu auge, no dia 15 de novembro de 2022.

De acordo com o general, a retirada das pessoas aconteceu gradualmente. Ele ressaltou que o acampamento era uma manifestação pacífica e não havia motivos para considerá-lo ilegal. Menezes destacou que nenhum órgão competente declarou o acampamento como ilegal e que o Exército não tinha autoridade para fazer tal declaração. Ele afirmou que a operação de desmonte foi complexa e que atuar sem uma ordem seria abuso de autoridade.

Durante o depoimento, o general foi confrontado com vídeos de acampados que relataram receber apoio dos militares na montagem das tendas e barracas. Ele negou categoricamente tais acusações e explicou que o perfil das pessoas acampadas mudou entre os dias 6 e 7 de janeiro, véspera dos atos golpistas. Segundo Menezes, no dia 6 o acampamento estava vazio e abrigava pessoas em situação de vulnerabilidade, como moradores de rua e pessoas sem condições financeiras para retornar aos seus estados de origem. Já no dia 7, houve uma grande chegada de ônibus com manifestantes de outros estados.

Sobre o impedimento da entrada da Polícia Militar do Distrito Federal no local no dia 8 de janeiro, quando ocorreram os ataques e depredações nos prédios dos Três Poderes, o general negou veementemente. Ele afirmou que, por volta do meio-dia, o Gabinete de Segurança Institucional acionou o Comando Militar do Planalto e enviou tropas de prontidão após a destruição, por volta das 21 horas. O foco nesse momento era dissuadir o retorno dos manifestantes ao acampamento e cumprir a determinação judicial de retirar todos os acampados em 24 horas, o que foi feito no dia seguinte por questões de segurança.

O general Gustavo Henrique Dutra de Menezes é um dos investigados pelo Ministério Público Militar no inquérito que apura negligência ou omissão nas invasões ocorridas em 8 de janeiro. Ele encerrou seu depoimento afirmando que todas as medidas tomadas foram dentro da legalidade e que agiu de acordo com as normas vigentes. O general reiterou que o Exército não teve qualquer intenção de reprimir ou cercear o direito de manifestação, mas sim de manter a ordem e a segurança no país.

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