Após 19 anos da Chacina de Unaí, o mandante finalmente se entrega à Polícia Federal. Justiça pode enfim ser feita.

Na manhã deste sábado (16), Antério Mânica, fazendeiro e ex-prefeito de Unaí, em Minas Gerais, entregou-se à Polícia Federal em Brasília. Mânica foi condenado como mandante da Chacina de Unaí, ocorrida em 2004, na qual quatro auditores fiscais do trabalho foram brutalmente assassinados. Seu irmão, Norberto Mânica, que também foi considerado mandante do crime, permanece foragido.

A prisão de Antério Mânica foi determinada na última quarta-feira (13) pelo Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6), em Belo Horizonte, juntamente com a prisão de outros dois condenados por intermediarem a chacina. Na quinta-feira (14), José Alberto de Castro, condenado por contratar os pistoleiros responsáveis pelo crime, também foi preso em Minas Gerais. No entanto, o quarto condenado, Hugo Alves Pimenta, encontra-se em situação de fuga.

A decisão do TRF-6 de determinar a prisão imediata dos mandantes da chacina foi motivada pelo receio de que Antério e Norberto Mânica utilizassem seu poder político e econômico para obstruir o andamento do processo. O Ministério Público Federal solicitou a prisão dos envolvidos, e o pedido foi acatado pelo tribunal.

O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait) emitiu uma nota em relação à prisão de Antério Mânica, enfatizando a importância do trabalho realizado pelo sindicato e pelos familiares das vítimas ao longo dos últimos quase 20 anos. O comunicado ressaltou que o desfecho alcançado foi resultado do empenho contínuo de todos os envolvidos, especialmente considerando-se que os réus são pessoas de alto poder econômico, contando com uma equipe de advogados de defesa renomados.

A Chacina de Unaí ocorreu em 28 de janeiro de 2004, quando os auditores fiscais do Trabalho e um motorista, que investigavam denúncias de trabalho análogo à escravidão, foram emboscados e mortos. As investigações apontaram Antério e Norberto Mânica como mandantes do crime.

Em 2015, os irmãos Mânica foram condenados a 100 anos de prisão, mas permaneceram em liberdade enquanto aguardavam o julgamento dos recursos. Posteriormente, a condenação de Antério foi anulada após seu irmão confessar ser o único mandante. No entanto, em maio do ano passado, Antério foi novamente julgado pela Justiça Federal e condenado a 64 anos de prisão. Ambos os irmãos recorreram da decisão e aguardavam o julgamento em liberdade.

Os outros dois condenados pelo crime, José Alberto de Castro e Hugo Pimenta, que foram responsáveis por contratar os pistoleiros, também aguardavam o resultado dos recursos em liberdade. Até então, apenas os três pistoleiros, Erinaldo Vasconcelos, Rogério Allan e William Miranda, cumpriam pena, estando presos desde 2004 e condenados em 2013.

A prisão de Antério Mânica representa um passo importante no desdobramento desse caso que chocou o país. Resta agora que Norberto Mânica seja capturado para que todos os envolvidos no crime sejam devidamente responsabilizados e que a Justiça seja feita em sua plenitude.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo