A prisão de Antério Mânica foi determinada na última quarta-feira (13) pelo Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6), em Belo Horizonte, juntamente com a prisão de outros dois condenados por intermediarem a chacina. Na quinta-feira (14), José Alberto de Castro, condenado por contratar os pistoleiros responsáveis pelo crime, também foi preso em Minas Gerais. No entanto, o quarto condenado, Hugo Alves Pimenta, encontra-se em situação de fuga.
A decisão do TRF-6 de determinar a prisão imediata dos mandantes da chacina foi motivada pelo receio de que Antério e Norberto Mânica utilizassem seu poder político e econômico para obstruir o andamento do processo. O Ministério Público Federal solicitou a prisão dos envolvidos, e o pedido foi acatado pelo tribunal.
O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait) emitiu uma nota em relação à prisão de Antério Mânica, enfatizando a importância do trabalho realizado pelo sindicato e pelos familiares das vítimas ao longo dos últimos quase 20 anos. O comunicado ressaltou que o desfecho alcançado foi resultado do empenho contínuo de todos os envolvidos, especialmente considerando-se que os réus são pessoas de alto poder econômico, contando com uma equipe de advogados de defesa renomados.
A Chacina de Unaí ocorreu em 28 de janeiro de 2004, quando os auditores fiscais do Trabalho e um motorista, que investigavam denúncias de trabalho análogo à escravidão, foram emboscados e mortos. As investigações apontaram Antério e Norberto Mânica como mandantes do crime.
Em 2015, os irmãos Mânica foram condenados a 100 anos de prisão, mas permaneceram em liberdade enquanto aguardavam o julgamento dos recursos. Posteriormente, a condenação de Antério foi anulada após seu irmão confessar ser o único mandante. No entanto, em maio do ano passado, Antério foi novamente julgado pela Justiça Federal e condenado a 64 anos de prisão. Ambos os irmãos recorreram da decisão e aguardavam o julgamento em liberdade.
Os outros dois condenados pelo crime, José Alberto de Castro e Hugo Pimenta, que foram responsáveis por contratar os pistoleiros, também aguardavam o resultado dos recursos em liberdade. Até então, apenas os três pistoleiros, Erinaldo Vasconcelos, Rogério Allan e William Miranda, cumpriam pena, estando presos desde 2004 e condenados em 2013.
A prisão de Antério Mânica representa um passo importante no desdobramento desse caso que chocou o país. Resta agora que Norberto Mânica seja capturado para que todos os envolvidos no crime sejam devidamente responsabilizados e que a Justiça seja feita em sua plenitude.