Feira no Cerrado destaca variedade de produtos da região.

A 10º Encontro e Feira dos Povos do Cerrado está movimentando a Torre de TV, área central de Brasília, com uma diversidade de produtos da sociobiodiversidade. A feira reúne mais de 270 expositores de nove estados do Cerrado brasileiro, oferecendo aos visitantes uma oportunidade de conhecer a riqueza dos sabores e saberes desse bioma que ocupa uma parcela significativa do território nacional.

Além dos produtos medicinais, pintura indígena, chope de jatobá e coquinho azedo, os visitantes também podem apreciar artesanato e diversas comidas típicas. A feira não se limita apenas aos expositores, mas também promove uma programação cultural diversificada. E na noite de encerramento, as atrações incluem apresentações de teatro, música e dança do Teatro de Mamulengo Sem Fronteiras, Quilombo de Bom Sucesso dos Negros, mulheres indígenas Xavante, Baile da Miasinha e o grupo Pé de Cerrado.

Entre os expositores, destaca-se a artesã Elizane Ramalho, que utiliza o capim dourado, uma planta sempre-viva encontrada em veredas do Cerrado, para criar diversos tipos de cestaria, biojóias e outros adornos. Elizane expressa seu orgulho em fazer parte do artesanato e em ensinar essa arte. Ela ressalta a satisfação de criar peças únicas e acordar pensando nas próximas criações.

Outra visitante entusiasmada é a bióloga Rosalia Baribieri, pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que estava em Brasília a trabalho e aproveitou para conhecer a feira. Além de encantada com o que encontrou, ela participou de oficinas de turbantes e raizeiras do Cerrado, valorizando a importância de conhecer os artesanatos e produtos locais feitos pelas comunidades.

O Encontro e Feira dos Povos do Cerrado é realizado desde 2001 e se destaca como um espaço de troca de experiências e articulações em defesa do bioma e dos povos que nele habitam. O tema deste ano é “Cerrado: Conexão de Povos, Culturas e Biomas” e tem o objetivo de reunir cerca de 10 mil pessoas, incluindo representantes quilombolas, indígenas, quebradeiras de coco babaçu, geraizeiros e outros povos tradicionais. Essas comunidades são reconhecidas por sua relação ancestral com o manejo das matas e paisagens do Cerrado, contribuindo para sua rica biodiversidade.

Apesar de ser conhecido como o berço das águas do Brasil, o Cerrado tem sido um bioma bastante ameaçado. É a origem das nascentes de oito das 12 bacias hidrográficas mais importantes do país e possui o segundo maior reservatório subterrâneo de água do mundo, formado pelos aquíferos Guarani e Urucuia. Porém, o desmatamento tem afetado gravemente esse bioma nas últimas décadas, principalmente na região do Matopiba, composta pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.

O Encontro e Feira dos Povos do Cerrado representa não apenas uma oportunidade de valorização e divulgação da cultura e produtos do bioma, mas também uma forma de conscientização sobre a importância de preservá-lo. Conhecer e apreciar a riqueza do Cerrado é fundamental para que possamos entender seu papel no equilíbrio ambiental e garantir sua conservação para as futuras gerações.

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