Instituto afirma que decisão de proibir anúncios de armas visa proteção infantil, resultando em benefícios para toda a sociedade.

A decisão da Justiça de São Paulo que proibiu a fabricante de armas de fogo Taurus de fazer publicidade de seus produtos na internet é considerada fundamental para a proteção de crianças e adolescentes, de acordo com o Instituto Alana. A organização, que promove ações voltadas à formação de crianças, ressaltou que os massacres recorrentes registrados nas escolas estão diretamente relacionados ao acesso de crianças a conteúdos impróprios, como os relacionados a armas de fogo.

Segundo Ana Cláudia Cifali, coordenadora jurídica do Instituto Alana, é importante reconhecer que as crianças estão presentes na internet e que é necessário protegê-las nesse ambiente. Tanto as empresas que atuam com publicidade na internet quanto as próprias plataformas têm a responsabilidade de garantir que as crianças e adolescentes não tenham acesso a esse tipo de conteúdo inadequado.

A 27ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) proibiu a Taurus de fazer publicidade online de seus produtos. A empresa foi obrigada a retirar imediatamente e de forma incondicional os anúncios publicitários de armamentos no Instagram e em seu site, sob pena de multa diária.

A decisão foi tomada em resposta a um recurso apresentado pela Comissão Arns, Idec e Intervozes contra a fabricante de armas. O acórdão da decisão do TJ-SP destaca os diversos ataques e massacres ocorridos em escolas brasileiras cometidos por adolescentes que tiveram acesso a armas de fogo. Ana Cláudia Cifali reforça a relação íntima entre o tema, a internet, a publicidade e o acesso a conteúdos inadequados.

De acordo com o Instituto Alana, a maioria das crianças e adolescentes está presente no ambiente digital. Em 2017, uma em cada três pessoas que utilizavam a internet era uma criança. Os jovens são o grupo da população mais conectado e frequentemente estão expostos a ambientes online sem o acompanhamento adequado dos pais ou responsáveis.

A sentença do TJ-SP ressalta que a propaganda de armas é permitida apenas em publicações especializadas e não pode ser divulgada na internet, sites e redes sociais. Segundo o texto da sentença, a posse, porte, comercialização e publicidade de armas só são autorizadas em casos delimitados pela legislação, deixando claro que a livre empresa não se aplica à comercialização de armas.

Amanda Scalisse, coordenadora jurídica da Rede Liberdade, que atuou em conjunto com as entidades que entraram com o recurso no TJ-SP, afirma que a decisão do tribunal, mesmo sendo específica para a Taurus, reafirma as normas brasileiras sobre o desarmamento e inibe outras empresas de fazerem a mesma ação que a fabricante brasileira.

A Taurus, por sua vez, afirmou em nota que faz uso da internet e das redes sociais de acordo com a legislação aplicável e a regulamentação do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária. A empresa destacou que é uma das mais rigorosas no cumprimento dessas regras e que não pode ser tratada de forma desfavorecida em relação a outras fabricantes. A Taurus anunciou que recorrerá da decisão para garantir seu direito constitucional e legal de usar a internet e divulgar seus produtos de acordo com as normas vigentes.

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