Cardeal chileno exige detalhes sobre vítimas da ditadura de Pinochet; saiba mais.

Durante a liturgia de ação de graças realizada na segunda-feira, na Catedral Metropolitana de Santiago do Chile, o arcebispo de Santiago, o espanhol Celestino Aós, fez um apelo emocionante para que as pessoas que possuem informações sobre o paradeiro dos corpos dos desaparecidos da ditadura de Augusto Pinochet entreguem essas informações à Igreja.

Essa declaração foi feita no contexto do lançamento do Plano Nacional de Busca do governo de esquerda de Gabriel Boric, cujo objetivo é encontrar mais de mil pessoas que desapareceram durante os 17 anos de ditadura. O programa é liderado pelo Ministro da Justiça, Luis Cordero, e foi lançado em comemoração ao 50º aniversário do golpe de Estado no Chile.

Durante a liturgia, o arcebispo Aós ressaltou a importância da verdade para as famílias que ainda sofrem com a falta de informações sobre seus entes queridos desaparecidos. Ele lembrou o papel desempenhado pela Igreja na proteção dos direitos humanos durante os anos sombrios da ditadura no país. A Igreja, por meio da Vicária da Solidariedade, criada em 1976 pelo então arcebispo de Santiago, Raúl Silva Henríquez, forneceu assistência jurídica, econômica, técnica e espiritual às pessoas perseguidas.

O apelo de Aós foi bem recebido pelas autoridades do governo. A ministra porta-voz, Camila Vallejo, destacou a importância do anúncio, afirmando que é “realmente significativo” para o governo. Já o ministro secretário-geral da Presidência (Segpres), Álvaro Elizalde, ressaltou que a busca pelos desaparecidos é uma ferida aberta no país e que até hoje não se sabe o paradeiro dessas pessoas.

O Ministro da Justiça, Luis Cordero, acrescentou que o anúncio feito pelo arcebispo Aós é muito relevante, pois demonstra a disposição da Igreja em colaborar com o Plano Nacional de Busca. Ele destacou que a Igreja sempre teve um papel importante na defesa dos direitos humanos.

Vale ressaltar que essa não é a primeira vez que a Igreja Católica no Chile atua como mediadora para coletar informações sobre os desaparecidos. Durante o governo do socialista Ricardo Lagos (2000-2006), foi criada a Mesa de Diálogo sobre Direitos Humanos, uma iniciativa que reuniu as instituições militares, as vítimas, as igrejas e a sociedade civil. Naquela ocasião, os militares alegaram que muitos dos desaparecidos haviam sido lançados ao mar, sendo que posteriormente foi comprovado que parte dessas informações não era verdadeira.

Portanto, o apelo do arcebispo Aós e a disposição da Igreja em colaborar com o governo no Plano Nacional de Busca representam mais um esforço para enfrentar as consequências sombrias do passado no Chile, na busca por justiça e por respostas para as famílias das vítimas da ditadura de Pinochet.

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