Segundo o Cimi, a informação sobre as ameaças que as vítimas estavam recebendo chegou por meio de familiares. Os parentes de Ñandesy e Velasquez relataram que o casal estava vivendo em clima de tensão e iminência de ataques, o que os obrigou a se recolher em casa durante o dia. Eles também afirmaram que nos últimos meses, os conflitos por terra e a intolerância religiosa na região têm se agravado.
O Cimi ainda informou que membros da TI Guasuti acreditam que o casal pode ter sofrido agressões antes de terem sua casa incendiada. A comunidade também expressa preocupação com a violação do xiru, que é uma espécie de oratório e que, na crença do povo guarani, contém seres e poderes que, se queimados, podem espalhar doenças e males.
A Kuñangue Aty Guasu, Grande Assembleia das Mulheres Kaiowá e Guarani de Mato Grosso do Sul, também ressaltou que Ñhandesy Sebastiana já havia recebido ameaças de morte nos últimos anos. A entidade atribui essas ameaças aos discursos coloniais de ódio reproduzidos no estado.
Em nota, a Kuñangue Aty Guasu repudia a violência cometida contra mulheres, meninas e idosos indígenas e exige que a justiça seja feita de forma rigorosa. A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, que está em Nova York, afirmou em vídeo divulgado nas redes sociais que o governo está acompanhando o caso e pediu maior agilidade nas investigações.
As polícias Civil e Militar do Mato Grosso do Sul estão investigando o caso e já identificaram e detiveram um suspeito, cuja identidade não foi revelada. Entretanto, ainda é necessário que as autoridades realizem uma investigação rigorosa e eficiente para que se chegue aos responsáveis por esse crime bárbaro. A violência contra os povos indígenas é uma realidade que precisa ser enfrentada e combatida de maneira contundente.