Líder indígena ameaçado antes de ser morto, relata Cimi.

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) emitiu uma nota nesta terça-feira (19) pedindo rigor na investigação do assassinato da líder espiritual guarani kaiowá Ñandesy Sebastiana Galton, de 92 anos, e de seu companheiro, Rufino Velasquez. Os corpos das vítimas foram encontrados carbonizados na casa onde viviam, localizada na Terra Indígena (TI) Guasuti, no município de Aral Moreira, no Mato Grosso do Sul.

Segundo o Cimi, a informação sobre as ameaças que as vítimas estavam recebendo chegou por meio de familiares. Os parentes de Ñandesy e Velasquez relataram que o casal estava vivendo em clima de tensão e iminência de ataques, o que os obrigou a se recolher em casa durante o dia. Eles também afirmaram que nos últimos meses, os conflitos por terra e a intolerância religiosa na região têm se agravado.

O Cimi ainda informou que membros da TI Guasuti acreditam que o casal pode ter sofrido agressões antes de terem sua casa incendiada. A comunidade também expressa preocupação com a violação do xiru, que é uma espécie de oratório e que, na crença do povo guarani, contém seres e poderes que, se queimados, podem espalhar doenças e males.

A Kuñangue Aty Guasu, Grande Assembleia das Mulheres Kaiowá e Guarani de Mato Grosso do Sul, também ressaltou que Ñhandesy Sebastiana já havia recebido ameaças de morte nos últimos anos. A entidade atribui essas ameaças aos discursos coloniais de ódio reproduzidos no estado.

Em nota, a Kuñangue Aty Guasu repudia a violência cometida contra mulheres, meninas e idosos indígenas e exige que a justiça seja feita de forma rigorosa. A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, que está em Nova York, afirmou em vídeo divulgado nas redes sociais que o governo está acompanhando o caso e pediu maior agilidade nas investigações.

As polícias Civil e Militar do Mato Grosso do Sul estão investigando o caso e já identificaram e detiveram um suspeito, cuja identidade não foi revelada. Entretanto, ainda é necessário que as autoridades realizem uma investigação rigorosa e eficiente para que se chegue aos responsáveis por esse crime bárbaro. A violência contra os povos indígenas é uma realidade que precisa ser enfrentada e combatida de maneira contundente.

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