Saúde mental em primeiro lugar: prevenção ao suicídio é pauta prioritária no Senado. – Senado Notícias

A importância do cuidado com a saúde mental na prevenção ao suicídio e à automutilação foi destacada por especialistas durante uma audiência pública promovida pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) nesta quarta-feira (20). O evento teve como objetivo discutir a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio, implementada pela Lei nº 13.819 de 2019.

De acordo com a senadora Damares Alves, autora do pedido para a audiência, a Organização Mundial de Saúde (OMS) revela que mais pessoas morrem como resultado de suicídio do que de doenças como aids, malária ou câncer de mama. Dessa forma, é fundamental que o tema seja tratado com atenção e ação por parte do poder público, sendo reconhecido como um problema de saúde.

Durante o debate, o psiquiatra Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), ressaltou que, apesar de o Brasil já possuir uma lei sobre a política de prevenção ao suicídio, as iniciativas ainda são concentradas no setor privado. Ele mencionou a falta de uma política de assistência psiquiátrica e psicológica adequada no Sistema Único de Saúde (SUS), bem como a ausência de medicamentos psiquiátricos na Farmácia Popular.

Segundo o especialista, é essencial que a qualidade e a resolutividade do atendimento oferecido no setor privado sejam também disponibilizadas no sistema público de saúde. Ele ressaltou ainda a importância da campanha Setembro Amarelo, que concentra esforços para a conscientização sobre a relação entre doenças mentais e suicídio, destacando que o acesso ao tratamento adequado pode prevenir até 90% dos casos.

Marcia Aparecida Ferreira de Oliveira, assessora técnica do Departamento de Saúde Mental do Ministério da Saúde, informou sobre a criação do Departamento de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas (Desme), que tem o objetivo de fortalecer o diálogo com a sociedade para promover avanços na política de saúde mental. Ela ressaltou a importância de debater a prevenção ao suicídio durante todo o ano, não apenas no mês de setembro, quando ocorre a campanha Setembro Amarelo.

Transtornos mentais, histórico familiar e fatores como o cyberbullying foram apontados pelo psiquiatra da infância e adolescência André de Mattos Salles como elementos frequentes nos casos de suicídio e automutilação. Ele destacou a importância de tratar o tema com cuidado na imprensa, a fim de evitar o chamado efeito Werther, que ocorre quando notícias sobre suicídios influenciam outras pessoas a cometerem o mesmo ato.

Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa, Prevenção e Estudos em Suicídio (Ippes) na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, apontou que a automutilação está associada ao alívio de angústias e depressão. Entre os fatores relacionados estão perdas de pessoas queridas, bullying, depressão, ansiedade, violência doméstica e sexual, além de medo e violência emocional.

No que diz respeito ao ambiente escolar, Alexsandro do Nascimento Santos, diretor de Políticas e Diretrizes da Educação Integral Básica do Ministério da Educação, destacou a importância da formação dos professores para identificar crianças e adolescentes em sofrimento psíquico, que muitas vezes se manifesta por meio de indisciplina, isolamento social e violência. Ele ressaltou a necessidade de diálogo e trabalho conjunto entre escolas, unidades de saúde e assistência social para garantir o cuidado adequado a esses estudantes.

Em resumo, a audiência pública promovida pela Comissão de Assuntos Sociais destacou a relevância do cuidado com a saúde mental na prevenção ao suicídio e à automutilação. A implementação de políticas públicas adequadas, a conscientização da população e a capacitação dos profissionais são passos essenciais para enfrentar esse desafio e salvar vidas.

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