A linguagem perpetua preconceito e limita a inclusão de pessoas com deficiência. É preciso mudar para romper as barreiras.

No evento “Linguagem e comunicação não capacitista na prática”, promovido pela Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, várias reflexões foram levantadas em relação ao uso de linguagem capacitista e como ela reforça preconceitos e amplia as dificuldades enfrentadas por pessoas com deficiência no dia a dia. A roda de conversa ocorreu no Museu da Inclusão, na capital paulista, como parte da programação do Dia Nacional da Pessoa com Deficiência.

De acordo com Marcos da Costa, secretário dos Direitos da Pessoa com Deficiência do estado de São Paulo, a linguagem capacitista evidencia uma cultura que ainda não reconhece a pessoa com deficiência como uma cidadã como qualquer outra, com direitos e obrigações. Tratar uma pessoa com deficiência como “coitada” ou usar expressões desrespeitosas e estereotipadas é uma forma de diminuir sua condição de cidadão. Essa discussão é extremamente relevante, pois a forma como nos dirigimos às pessoas com deficiência reflete a imagem que construímos delas e sua cidadania.

Algumas expressões comuns no dia a dia, como “deu uma de João sem braço”, “como cego em tiroteio” e “portador de necessidades especiais”, são exemplos do que chamamos de linguagem capacitista. Ana Clara Schneider, fundadora e diretora executiva da agência Sondery, uma consultoria de acessibilidade criativa, explica que essa linguagem reforça preconceitos relacionados à deficiência e estereótipos. Pode ocorrer através de mensagens de superação ou vitimismo, além de infantilização ou assistencialismo.

Silvana Pereira Gimenes, coordenadora do programa de Emprego Inclusivo da Secretaria de Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo, enfatiza que o uso de linguagem capacitista decorre de um imaginário popular que precisa ser superado e combatido. Todos têm a responsabilidade de se policiar para eliminar expressões capacitistas de seus vocabulários.

Combater o capacitismo na linguagem requer ouvir as pessoas com deficiência e estabelecer um contato mais próximo para evitar problemas de comunicação. Além disso, é importante que as pessoas se policiem para eliminar expressões ofensivas e busquem melhorar seu vocabulário. A educação voltada para a inclusão e a utilização de expressões que mostrem respeito e inclusão de todos também são fundamentais.

Ana Clara enfatiza que eliminar o capacitismo na linguagem deve ser um esforço contínuo e intencional. A acessibilidade precisa estar presente em todos os aspectos da vida, e a linguagem é um deles. É essencial reconhecer que a deficiência é apenas uma característica das pessoas e que todos são capazes de realizar tarefas de maneiras diferentes. Utilizar uma linguagem que valorize as pessoas é uma relação em que todos saem ganhando.

Neste Dia Nacional da Pessoa com Deficiência, é relevante refletir sobre a importância de combater a linguagem capacitista e construir uma sociedade mais inclusiva e respeitosa com as pessoas com deficiência.

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