A missão histórica da sonda Chandrayaan-3, que visava aterrissar no polo sul da Lua, perde comunicação com a agência espacial indiana.

A Organização de Pesquisa Espacial Indiana (Isro) informou nesta sexta-feira (22) que perdeu contato com a sonda utilizada na histórica missão espacial não-tripulada Chandrayaan-3. Esse evento marca a primeira vez em que uma espaçonave aterrisou no polo sul da Lua.

Depois de duas semanas de coleta de imagens e dados na superfície inexplorada, o módulo foi colocado em “modo de suspensão” durante a noite lunar para recarregar as baterias. No entanto, seu sinal foi interrompido e ainda não voltou. Especialistas acreditam que o frio extremo possa ter danificado os dispositivos.

A agência espacial indiana postou em sua conta oficial no X (antigo Twitter) nesta sexta-feira que os esforços para estabelecer comunicação com o módulo de pouso Vikram e o rover Pragyaan continuarão. Vikram significa “coragem” em sânscrito e o rover Pragyan é a palavra sânscrita para “sabedoria”.

A missão Chandrayaan-3 da Índia é considerada um marco na exploração espacial. Ela tornou o país o primeiro a pousar com sucesso uma espaçonave perto do polo sul lunar, juntando-se a um seleto grupo de nações que conseguiram aterrissar na Lua, como Estados Unidos, China e antiga União Soviética.

A escolha da data para o pouso foi estratégica, pois coincidiu com o início do ciclo lunar, que tem duração de pouco mais de quatro semanas na Terra, com dia e noite durando cerca de 14 dias terrestres cada. Isso permitiu que Vikram e Pragyaan aproveitassem a luz do Sol por duas semanas para coletar informações.

A missão foi lançada em 14 de julho e entrou na órbita lunar em 5 de agosto. Com um custo de US$ 74,6 milhões (cerca de R$ 365 milhões), ela demonstra a ambição e o rápido desenvolvimento do programa espacial indiano, que já havia lançado uma sonda em órbita lunar em 2008.

A Índia tem conseguido manter os custos de seu programa espacial baixos ao copiar a tecnologia existente e contar com uma abundância de engenheiros altamente qualificados que recebem salários inferiores aos de seus colegas estrangeiros. Essa estratégia tem contribuído para o rápido avanço do país na corrida espacial.

Desde o pouso bem-sucedido, a agência espacial indiana tem fornecido atualizações regulares sobre seus movimentos e descobertas na Lua. No entanto, a expectativa de que Vikram e Pragyaan recarregassem suas baterias para o próximo ciclo lunar ainda não foi atendida. Especialistas apontam que as temperaturas noturnas no polo sul lunar são extremamente baixas, variando de -200ºC a -250ºC, o que pode ter comprometido o funcionamento das baterias. Caso os equipamentos não sejam reativados, eles permanecerão na Lua como “embaixadores lunares da Índia”, segundo a Isro.

A missão Chandrayaan-3 reafirma a posição da Índia como um ator importante na exploração espacial. O país segue os passos da China, que também conseguiu atingir a superfície da Lua neste século, e avança rapidamente nessa nova corrida espacial.

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