Política, liberdade e convivência: um caminho a se percorrer, marcado por desafios e possibilidades para a sociedade.

Na década de 1950, a renomada filósofa e cientista política Hanna Arendt recebeu um convite para escrever um livro que introduzisse o pensamento político aos cidadãos comuns. Compreendendo a importância da política como base da convivência humana, Arendt abraçou o projeto com entusiasmo.

Ela tinha plena consciência de que a política se sustentava na diversidade dos seres humanos e tinha como objetivo organizar e regular a convivência entre diferentes pessoas em todos os níveis da sociedade.

No entanto, Hanna Arendt alertava que a desgraça da política no século XX não estava apenas nos regimes totalitários que emergiram, e nos quais ela própria se tornou vítima, os quais eliminaram a liberdade como um bem essencial do indivíduo. Ela também afirmava que o autoritarismo extremo representava uma ameaça aos sistemas políticos que se consideravam liberais.

Apesar de diversos rascunhos e ideias esboçadas sobre o projeto, Hanna Arendt não conseguiu concluí-lo. Entretanto, seus escritos foram resgatados e organizados por Ursula Ludz na obra “Hanna Arendt: O Que é Política?”.

Arendt destacava a importância de não nos contentarmos com o desaparecimento do fascismo, nazismo e comunismo, visto que a bactéria do autoritarismo ainda persistia. Ela ressaltava que a restrição da liberdade, a repressão da espontaneidade humana e a corrupção do poder por meio da violência continuavam sendo perigos constantes para a política.

A pergunta central que Hanna Arendt nos deixou foi: qual é o sentido da política? E ela afirmava que o sentido da política é a liberdade. No entanto, em um contexto em que a pluralidade humana é reduzida a dois grupos opostos, é preciso reconhecer que a crise do mundo não está no mundo, mas sim no próprio homem, que se afastou dos princípios da boa convivência política.

Para ilustrar a importância da harmonia entre os diferentes em ambiente de liberdade, o autor menciona um pároco de Brasília que utiliza os ensinamentos teológicos para realinhar homens e mulheres, promovendo a reconciliação e incentivando o perdão mútuo.

Ao abordar passagens do evangelista Mateus, o pároco ressalta a importância da correção em particular, em vez de expor disputas publicamente, e do perdão aos devedores para que estes também perdoem seus próprios devedores.

Se a política ainda possui algum sentido, conforme questionado por Hanna Arendt, esse sentido está em buscar a harmonia entre os diferentes em um ambiente de liberdade autêntica. E para alcançar esse objetivo, é preciso aceitar a diversidade, ter coragem moral para divergir de opiniões e compreender a subordinação humana diante de Deus e dos outros homens.

A sociedade brasileira, assim como qualquer outra, precisa fazer a sua parte para promover essa convivência política saudável e respeitosa. Afinal, como nos ensina Hannah Arendt, a política é o meio pelo qual podemos garantir a liberdade e a harmonia entre os seres humanos.

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