Comunidade acadêmica da PUC-SP relembra invasão da ditadura militar em ato de resistência e memória

A Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) foi palco de um ato marcante nesta segunda-feira (25), realizado pela comunidade acadêmica para relembrar a invasão do espaço por agentes da ditadura civil-militar em 1964. O golpe na época derrubou o então presidente João Goulart e instaurou um regime autoritário no país. O ato foi realizado no Tucarena, o teatro da universidade, e contou com a participação de diversas organizações, como a Comissão Arns, o Instituto Vladimir Herzog e a União Nacional dos Estudantes (UNE).

Segundo a reitora da PUC-SP, Maria Amalia Pie Andery, uma das melhores formas de adquirir conhecimento é através da escuta de testemunhos. Ela ressaltou que uma particularidade da instituição, nesse contexto de invasão, é o fato de que a universidade já estava ciente de que seria atacada. Maria Amalia, que não estava no Brasil na época da invasão, retornou meses depois e testemunhou os efeitos traumáticos que ainda ecoavam na comunidade acadêmica.

Durante o evento, a economista Claudia Costin relembrou o que viveu naquele dia de 1977 e afirmou que ainda sente a dor. Apesar de não ser estudante da PUC-SP, ela foi ao local com uma colega para participar de uma manifestação pacífica dos estudantes. Porém, foram surpreendidas pela marcha das tropas em direção ao teatro. Claudia foi derrubada em cima de uma bomba de gás lacrimogêneo, contraindo uma doença respiratória e sendo pisoteada no corredor estreito pelo qual as pessoas tentavam entrar na PUC. Ela recorda da solidariedade dos colegas que a ajudaram, enquanto as bombas não paravam de cair.

Posteriormente, Claudia foi levada pelas autoridades e enquadrada na Lei de Segurança Nacional, acusada de ter organizado o protesto. Ela ficou detida na unidade da polícia política em São Paulo por alguns dias até ser liberada. A Polícia Federal posteriormente retirou seu nome, junto com outros seis, do grupo de 36 suspeitos de liderar o movimento, considerando-a “inocente útil”.

Em sua fala, Claudia ressaltou a importância de nunca mais permitir que situações como aquela aconteçam. Ela afirmou que o Brasil, assim como qualquer país, não merece passar por um regime autoritário. Claudia se tornou integrante da Comissão Arns exatamente por conta de sua experiência, com o objetivo de lutar por um país mais livre, justo e democrático.

O debate realizado durante o evento, que abordou a invasão da PUC-SP e suas consequências, pode ser assistido na íntegra no YouTube. A data e as memórias relacionadas a esse episódio triste da história brasileira servem como um lembrete importante para a sociedade, mostrando a necessidade de proteger e fortalecer os valores democráticos, para que nunca mais se repitam atos de violência e opressão como esses.

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