Feijóo tenta assumir chefia de governo na Espanha, mas não obtém votos necessários para se tornar primeiro-ministro

Alberto Núñez Feijóo, líder da direita na Espanha, compareceu hoje ao Parlamento espanhol em uma clara tentativa de assumir a chefia de governo no lugar do atual primeiro-ministro socialista, Pedro Sánchez. Embora tenha vencido as eleições legislativas realizadas em julho, o Partido Popular (PP) de Feijóo não possui os 176 votos necessários para torná-lo o novo premier, mesmo com o apoio do partido de extrema direita Vox.

O político galego de 52 anos usou seu discurso na tribuna para reafirmar seu papel de liderança de oposição e criticar uma proposta de anistia que poderia ser decisiva para a permanência de Sánchez no cargo. Vale destacar que nenhum dos dois líderes conta atualmente com uma maioria parlamentar.

Para se manter no governo e reunir o número mínimo de 176 cadeiras, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) de Sánchez conta com o apoio da frente de esquerda Sumar, mas ainda precisa do apoio dos partidos independentistas, em especial o partido catalão Junts, que possui sete vagas parlamentares.

No entanto, o líder exilado da legenda independentista, Carles Puigdemont, impôs como condição fundamental para apoiar o governo a promulgação de uma anistia aos condenados por participação na tentativa de independência da Catalunha em 2017. Essa iniciativa foi realizada de forma unilateral e contra o governo central, sendo que Puigdemont é o líder desse movimento e vive atualmente na Bélgica para evitar sua prisão.

Apesar de não ter a base necessária para assumir o governo, Feijóo insistiu em realizar a sessão parlamentar na qual dedicou a maior parte de seu discurso a criticar seu adversário e condenar a possibilidade de anistia. Segundo ele, a anistia aos separatistas é inaceitável jurídica e eticamente, uma vez que viola a ordem constitucional.

Como alternativa, o líder de direita propôs o endurecimento da lei como solução para a questão catalã, sugerindo a criação de um novo crime denominado “deslealdade constitucional” para conter os movimentos independentistas.

Na resposta ao discurso de Feijóo, o primeiro-ministro Sánchez optou por não subir à tribuna, delegando essa tarefa ao deputado do PSOE, Óscar Puente. Este por sua vez acusou o PP de ter sido “parasitado” pela ultradireita, em um sistema baseado no “financiamento ilegal” e na “corrupção”.

Caso as previsões se confirmem e Feijóo perca a votação de hoje, que ocorrerá nesta quarta-feira, com apenas 172 votos, uma nova tentativa deverá ser realizada na sexta-feira. No entanto, é provável que o PP também fracasse nessa segunda tentativa. Confirmado esse cenário, começará uma contagem regressiva de dois meses até a realização de novas eleições gerais. Durante esse período, Sánchez poderá convocar o Parlamento para obter respaldo e continuar no cargo, desde que consiga obter o apoio do partido catalão Junts e reunir votos suficientes.

No entanto, a negociação com Puigdemont implica em um alto custo político para Sánchez, que enfrenta resistência até mesmo dentro de seu próprio partido. No último domingo, cerca de 40 mil apoiadores do PP foram às ruas de Madri para protestar contra a possível anistia aos condenados pelo movimento separatista. Apesar disso, Sánchez se mantém otimista em conquistar o apoio dos partidos independentistas bascos e catalães.

O líder espanhol destacou que os protestos são realizados por aqueles que se opõem a um governo socialista e afirmou que, independentemente disso, haverá um governo socialista.

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