Hortas Urbanas combatem insegurança alimentar e promovem empoderamento feminino em comunidades carentes

Os impactos da insegurança alimentar no país têm se intensificado em decorrência da pandemia da Covid-19, deixando muitas famílias sem acesso à alimentação adequada. Diante desse cenário, projetos e iniciativas como o “Hortas Urbanas na Região Metropolitana do Recife” têm ganhado ainda mais relevância no combate a essa problemática. O projeto, realizado em parceria entre a Secretaria de Meio Ambiente, Sustentabilidade e de Fernando de Noronha de Pernambuco (Semas-PE) e o Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá, foi viabilizado por meio de uma emenda parlamentar aprovada em 2020 na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Seu principal objetivo é auxiliar na implantação e manutenção de cinco hortas comunitárias e quintais produtivos em áreas carentes das periferias de quatro municípios da Região Metropolitana do Recife, sendo eles Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca, Olinda e Recife.

Um dos locais selecionados para implementação do projeto é a comunidade de Santa Luzia, situada no bairro da Torre, na Zona Norte do Recife. Desde 2021, uma cozinha solidária coordenada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) fornece aproximadamente 123 refeições diárias a várias famílias da região. Essa cozinha é abastecida por uma pequena horta comunitária implantada em 2022 e contemplada pelo projeto. Edilene Correia, coordenadora do MTST de Pernambuco e uma das organizadoras da cozinha, destacou que sua abertura ocorreu em um momento delicado para diversas famílias do entorno, visando fornecer alimentos para aqueles em situação de vulnerabilidade.

A horta é mantida por moradores e organizadores do projeto, produzindo uma variedade de alimentos como cebola, berinjela, pimenta, tomate, pimentão, quiabo, entre outros, que são utilizados diretamente na cozinha solidária. No entanto, devido ao tamanho do cultivo, ainda não é possível oferecer a produção da horta diretamente aos moradores cadastrados, sendo suficiente apenas para abastecer a cozinha. Essa realidade pode ser alterada com uma possível expansão do espaço no futuro.

Os beneficiados estão gratos pela existência dessa iniciativa. Patrícia Bezerra, uma das moradoras do bairro que recebe as refeições diariamente, expressou sua satisfação: “Se não fossem essas doações e essa cozinha aqui, nós estaríamos em uma situação ainda mais complicada. É um prazer estar aqui sendo ajudada e ajudando, para que nunca falte nada pra ninguém”.

Além da cozinha solidária na Torre, outra ação semelhante ocorre na zona rural de Olinda, denominada cozinha afetiva Eco Oka. A iniciativa também fornece doações diárias de refeições para moradores carentes da região e tem como diferencial a sua articulação com a Associação dos Recicladores de Olinda (ARO). Ao receber as refeições, os moradores têm a opção de entregar materiais recicláveis para gerar renda aos recicladores.

Ana Paula Moraes, analista ambiental de agroecologia da Semas, enfatizou a relevância desses projetos. Ela ressalta que além de contribuírem para o convívio social e o empoderamento das mulheres, eles também oferecem capacitação e ensinam técnicas de cultivo, permitindo que as pessoas as utilizem não apenas nas hortas comunitárias, mas também em suas próprias residências. Dessa forma, os projetos auxiliam na geração de renda e na autonomia dos participantes, especialmente as mulheres.

Em suma, projetos como o “Hortas Urbanas na Região Metropolitana do Recife” têm se mostrado essenciais para combater a insegurança alimentar agravada pela pandemia da Covid-19. Ao proporcionar o acesso à alimentação e promover a capacitação e a independência das comunidades atendidas, essas iniciativas desempenham um papel fundamental na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

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