Conselho de Segurança da ONU toma nota do pedido da República Democrática do Congo para retirada acelerada das forças de paz

Os países do Conselho de Segurança da ONU tomaram nota, nesta quinta-feira (28), do pedido da República Democrática do Congo de uma retirada acelerada das forças de paz, embora alguns tenham manifestado preocupação com o impacto de uma saída “precipitada” para uma população civil.

Na semana passada, o presidente congolês, Félix Tshisekedi, insistiu na ONU em uma retirada “acelerada” da missão de paz em seu país (Monusco) a partir do final de 2023, e não de 2024.

“Esperamos que o Conselho de Segurança tenha cumprido em conta as critérios concretos e realistas das autoridades congolesas”, declarou hoje o embaixador francês na ONU, Nicolas de Rivière, insistindo em uma retirada “ordenada”, em “estreita colaboração” entre Kinshasa e a organização internacional.

Os capacetes azuis estão presentes na República Democrática do Congo há quase 25 anos.

O Conselho deveria renovar em dezembro o mandato da Monusco, cuja eficácia em proteger os cidadãos tem sido questionado por Kinshasa e parte da população.

Com a situação de segurança ainda muito perigosa na posição leste do país, alguns membros do Conselho de Segurança expressaram dúvidas sobre a conveniência de acelerar a transferência das atribuições da Monusco para as forças congolesas.

“Os Estados Unidos estão francamente preocupados porque as forças da República Democrática do Congo e da região não estão preparadas para cumprir as condições permitidas para garantir a segurança da população congolesa”, disse a embaixadora americana Linda Thomas-Greenfield.

O Reino Unido, por sua vez, está disposto a considerar “uma redução” do número de capacetes azuis, “em conformidade com o pedido do governo”, assinalou o embaixador adjunto James Kariuki. Mas “as consequências de uma saída apressada seriam graves”, anunciava.

O ministro das Relações Exteriores do país africano, Christophe Lutundula, criticou as posições “fixas” nesses países e anunciou contra qualquer tentativa de reconfigurar a Monusco. “Uma segunda Monusco […] seria um erro”, insistiu, reivindicando um “cronograma” para o plano de retirada.

“Precisamos discutir com nossos parceiros para ver o que eles exatamente têm em mente”, comentou o responsável da Monusco, Bintou Keita, apontando que não seria “sensato” discutir nesta etapa uma data para a retirada completa das forças de paz.

Em 2020, o Conselho de Segurança deu início a uma retirada cautelosa, ao aprovar um plano de saída gradual que estabelece disposições amplas para transferência de responsabilidades do pessoal de manutenção da paz às forças congolesas.

Num relatório publicado em agosto, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse, sem citar dados, que, numa primeira fase, os capacetes azuis passariam de 12.500 para 10.000, consolidando a sua presença nos territórios mais problemáticos, no leste do país.

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