Greve na USP: Estudantes e reitoria se reúnem, mas não chegam a acordo sobre reivindicações dos alunos

Estudantes em greve da Universidade de São Paulo (USP) e representantes da reitoria participaram de uma reunião nesta quinta-feira (28) para discutir as pautas de reivindicações dos alunos. O encontro, que durou mais de duas horas, foi o segundo desde o início da mobilização, porém, não houve acordo entre as partes.

De acordo com a reitoria, os estudantes apresentaram 12 reivindicações, sendo que a contratação de docentes foi o primeiro ponto discutido, porém, sem uma conclusão definitiva. Uma nova reunião foi agendada para a próxima quarta-feira (4).

As reivindicações dos estudantes se concentram principalmente na contratação de professores e na reativação do gatilho automático que permitia a substituição de um docente em caso de aposentadoria, exoneração ou morte. Além disso, eles também pedem um aumento nas bolsas para permanência na universidade e melhorias no acesso dos indígenas na instituição.

Segundo a Associação de Docentes da USP (Adusp), a universidade contava com aproximadamente seis mil professores em 2014, atualmente esse número é de cerca de 4,9 mil. Essa diminuição preocupa os alunos, que alegam que alguns cursos correm o risco de fechar devido à falta de professores. Um exemplo citado foi o curso de coreano, que não receberá mais alunos a partir do próximo ano.

Além dos estudantes, os professores também decidiram entrar em greve em apoio às reivindicações dos alunos. Os professores de cinco unidades de ensino da universidade aderiram ao movimento: Instituto de Matemática e Estatística (IME); Faculdade de Educação; Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH); Instituto de Psicologia; e Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH).

A falta de professores na USP é um dos principais problemas enfrentados pela instituição. Segundo a Adusp, o corpo docente encolheu 17,5% entre 2014 e agosto de 2023, passando de cerca de seis mil para 4,9 mil. Enquanto isso, o número de cursos de graduação aumentou cerca de 150% e o número de alunos matriculados cresceu 80% na graduação e 50% na pós-graduação.

A reitoria da USP afirmou que a contratação de novos docentes é uma pauta primordial e já disponibilizou 879 cargos para todas as unidades de ensino e pesquisa da universidade. No entanto, a Adusp argumenta que essas contratações não são suficientes para suprir a demanda, uma vez que muitos professores estão se aposentando ou deixando a universidade por outros motivos.

É importante destacar que a situação da USP está diretamente ligada ao atual quadro de arrecadação do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que impacta no orçamento da instituição. A reitoria ressalta que as faculdades e escolas podem solicitar cargos para a contratação de professores temporários, a fim de amenizar a demora nos concursos públicos.

A greve dos estudantes e a paralisação dos professores refletem a insatisfação com a falta de professores na USP e a necessidade de investimentos e políticas que garantam a qualidade do ensino na universidade. As negociações entre os estudantes e a reitoria continuarão na próxima semana, na expectativa de que um acordo seja firmado para atender às demandas dos alunos.

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