A relação da Ucrânia com a Segunda Guerra Mundial é complexa e controversa. Segundo o professor Angelo Segrillo, especialista em União Soviética, a Ucrânia era um estado multinacional que, no início da guerra, expandiu seu território, incorporando partes da Polônia. Essas áreas eram consideradas perigosas pelo domínio soviético, e muitos anticomunistas se opunham a ele. Naquela época, alguns nacionalistas ucranianos viram a oportunidade de colaborar com a Alemanha nazista para alcançar a independência ou autonomia da Ucrânia, algo que não seria possível sob o domínio soviético.
Um dos líderes desses nacionalistas era Stepan Bandera, considerado um herói na Ucrânia até hoje. Ele defendia a radicalização da luta pela independência, o que incluía o chamado às armas. No entanto, as milícias nacionalistas também estiveram envolvidas em massacres de judeus durante a guerra. Estima-se que até 1,5 milhão de judeus ucranianos tenham sido mortos por nazistas e seus aliados entre 1941 e 1945.
Apesar disso, é importante ressaltar que milhões de ucranianos combateram no Exército Vermelho e muitos deles morreram nos combates. Muitos ucranianos foram reconhecidos como heróis da União Soviética, inclusive em cidades como Kiev e Sebastopol. A ideia de que a simpatia ao nazismo é prevalente na Ucrânia é frequentemente usada como propaganda pela Rússia.
No contexto político atual, a extrema direita na Ucrânia não tem um apoio amplo na sociedade. Nas eleições de 2019, a coalizão formada por partidos extremistas não conseguiu atingir a cláusula de barreira de 5%. Além disso, as visões anti-Rússia não necessariamente convergem para o extremismo. A presença de simbologias nazistas no campo de batalha, como no caso do Batalhão Azov, tem criado problemas para os aliados da Otan.
Portanto, é importante analisar a complexidade da história ucraniana durante a Segunda Guerra Mundial e evitar generalizações sobre o posicionamento político e ideológico do país. A relação com o nazismo é apenas um aspecto dessa história.