Extinção do horário de verão no Brasil: Benefícios energéticos e mudança de hábito justificam decisão governamental

O horário de verão, por muito tempo, foi motivo de discussões e polêmicas entre os brasileiros. Enquanto algumas pessoas gostavam de aproveitar o período mais quente do ano e curtir o fim de tarde mais longo para a prática de esportes ou um happy hour com amigos, outras reclamavam das manhãs mais escuras devido ao adiantamento do relógio em uma hora.

Apesar das preferências de cada indivíduo, o governo determinava a adoção do horário de verão por razões técnicas. A medida vigorou no país de 1985 até 2018, quando foi extinta pelo então presidente Jair Bolsonaro. Neste ano, não há sinais de que o horário de verão possa ser adotado novamente, mesmo com a troca de governo.

Tanto a área técnica do Ministério de Minas e Energia quanto o ministro responsável pela pasta afirmaram que, por enquanto, não há necessidade de adiantar os relógios neste ano. Isso se deve principalmente às boas condições atuais de suprimento energético no país, resultado do planejamento seguro implantado desde os primeiros meses do governo.

De acordo com o ministro Alexandre Silveira, os reservatórios das usinas hidrelétricas estão nas melhores condições de armazenamento de água dos últimos anos. Ele afirma que o horário de verão só será adotado se houver sinais e evidências de uma necessidade de segurança de suprimento do setor elétrico brasileiro. Por enquanto, não há nenhum sinal nesse sentido, e os reservatórios estão no melhor momento dos últimos 10 anos.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) também confirma que os níveis de energia armazenada nos reservatórios devem se manter acima de 70% em setembro na maioria das regiões do país, o que representa estabilidade no sistema. Em contraste, em setembro de 2018, no último ano de implementação do horário de verão, os reservatórios do subsistema Sudeste/Centro-Oeste estavam com apenas 24,5% de energia armazenada. Este ano, esse percentual está em 73,1%.

Outro argumento para não retomar o horário de verão no Brasil é o aumento da oferta de energia elétrica nos últimos anos, com maior uso de usinas eólicas e solares. Segundo o professor Marcos Freitas, do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), o setor de energia não vê a necessidade dessa medida e não enxerga grandes ganhos com ela.

Além disso, houve mudanças no padrão de consumo de energia dos brasileiros nos últimos anos, com maior uso da eletricidade no período da tarde devido ao aumento do uso de aparelhos de ar-condicionado. A iluminação, que antes representava uma parte significativa do consumo, hoje não é mais tão importante. Essas mudanças tornam o horário de verão mais uma questão de hábito da população do que uma necessidade do setor elétrico.

Portanto, por enquanto, não há expectativa de que o horário de verão seja adotado novamente no Brasil. As boas condições de suprimento energético, os reservatórios em melhores condições e o aumento da oferta de energia elétrica nos últimos anos são argumentos que reforçam a não necessidade dessa medida.

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