De acordo com dados oficiais, nos últimos meses, mais de 100.000 venezuelanos foram interceptados pela patrulha fronteiriça dos EUA na fronteira com o México, um número significativamente maior do que no mesmo período do ano anterior, quando foram registradas cerca de 43.000 interceptações.
Diante desse cenário preocupante, o presidente Joe Biden propôs um amparo migratório de 18 meses para 472.000 venezuelanos que já estão nos Estados Unidos, permitindo que eles obtenham permissão de residência e trabalho. No entanto, essa medida só é válida para aqueles que chegaram antes de 31 de julho de 2023. Os venezuelanos que chegarem após essa data e não tiverem base legal para permanecer no país serão expulsos.
O Departamento de Segurança Interna dos EUA afirmou em comunicado que as autoridades venezuelanas concordaram com a repatriação dos cidadãos venezuelanos que não têm base legal para permanecer nos Estados Unidos. O governo Maduro, por sua vez, confirmou o acordo e anunciou que a repatriação será realizada por meio do programa “Volta à Pátria”.
Um funcionário americano, que preferiu não se identificar, informou que as deportações ocorrerão rapidamente e que já foram identificadas as pessoas sob custódia que serão expulsas nos próximos dias. Segundo o funcionário, todas elas não possuem base legal para permanecer nos Estados Unidos.
Vale ressaltar que as negociações entre os Estados Unidos e o governo de Maduro são submetidas a avaliações em Washington, que considera a reeleição de Maduro em 2018 fraudulenta. Caracas, por sua vez, culpa as avaliações financeiras impostas pelos EUA pela migração e pelo bloqueio econômico que afetou o país.
Além do acordo de repatriação com a Venezuela, o governo americano também está disposto a suspender progressivamente as avaliações financeiras impostas ao país, desde que Maduro e a oposição cheguem a acordos para eleições livres e justas.
A crise na Venezuela tem provocado um êxodo massivo, com cerca de 7 milhões de venezuelanos deixando o país nos últimos anos devido à grave crise econômica, que resultou em uma redução de 80% do PIB em uma década.
Os Estados Unidos têm buscado estabelecer vias legais para a entrada e integração dos migrantes venezuelanos, oferecendo mecanismos humanitários e agendamento de entrevistas por meio de um aplicativo móvel. O anúncio do acordo de repatriação ocorre após uma cúpula migratória regional sediada no México, que contou com a participação dos Estados Unidos, Colômbia e Panamá, e ressalta a importância de uma resposta regional para o desafio da imigração irregular.
Em resumo, o acordo de repatriação entre os Estados Unidos e a Venezuela visa controlar a crise migratória na fronteira com o México e estabelecer uma solução para os venezuelanos que estão no país sem base legal para permanecer. A medida demonstra a disposição do governo Biden em lidar com a questão migratória e buscar soluções regionais para o desafio.