Proposta de transferência do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães para o governo do Mato Grosso gera debate ambiental e turístico.

Na última terça-feira (3), a Comissão de Meio Ambiente (CMA) realizou uma audiência pública para discutir a proposta de transferência da gestão do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães para o governo do Mato Grosso. Atualmente, o parque é de responsabilidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), mas o governo mato-grossense deseja assumir a administração visando investir no turismo. No entanto, o ICMBio se preocupa com a possível perda da cooperação federativa na região.

Durante a reunião, o governador Mauro Mendes explicou os planos de sua gestão e afirmou que o governo possui R$ 71 milhões disponíveis para investir na região de Cuiabá, com o turismo sendo a prioridade. O Parque Nacional da Chapada dos Guimarães fica a cerca de 50 km da capital.

Mendes criticou a infraestrutura e a manutenção das atrações ambientais no Brasil, afirmando que o estado tem capacidade de investimento e deseja resolver esse problema caso assuma a administração do parque.

Além das questões turísticas e econômicas, a transferência também envolveria a proteção ambiental. A secretária de Meio Ambiente de Mato Grosso, Mauren Lazzaretti, garantiu que o estado possui capacidade reconhecida para monitoramento e combate ao desmatamento, ressaltando que o investimento em turismo está alinhado com a preservação.

Por outro lado, o presidente do ICMBio, Mauro Pires, argumentou que o Parque Nacional da Chapada dos Guimarães possui características únicas, como sítios arqueológicos e aspectos geológicos, abrangendo dois biomas: Cerrado e Pantanal. Para Pires, a transferência do parque prejudicaria o sistema de conservação, que envolve a responsabilidade de todos os entes federativos.

Pires destacou que o parque já regularizou mais de 50% de sua área, com desapropriações e indenizações concluídas, e está com edital aberto para concessão, atraindo investimentos. Ele mencionou que o governo de Mato Grosso aportaria, no mínimo, R$ 200 milhões em três anos com a estadualização.

Outra preocupação levantada na audiência foi a transição para a gestão estadual, que não está regulamentada pelo projeto de lei. Edilene do Amaral, consultora jurídica do Observatório Socioambiental de Mato Grosso, questionou a capacidade do governo estadual de assumir mais essa responsabilidade e sugeriu que as regras sejam esclarecidas.

O PL 3649/2023, de autoria da senadora Margareth Buzetti (PSD-MT), já tem parecer favorável do senador Mauro Carvalho Junior (União-MT) e pode ser pautado na CMA. A comissão terá a palavra final sobre o projeto, que poderá ser encaminhado diretamente para a Câmara dos Deputados em caso de aprovação.

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