Zona oeste do Rio de Janeiro registra 12 chacinas em 2023, com 43 mortos; morte de três médicos na Barra da Tijuca choca a região.

Nos primeiros meses de 2023, a zona oeste do Rio de Janeiro já contabilizou um total alarmante de 12 chacinas, de acordo com um levantamento do Instituto Fogo Cruzado. No mais recente desses trágicos eventos, três médicos foram brutalmente assassinados em um quiosque na Avenida Lúcio Costa, localizado na Barra da Tijuca.

No total, as 12 chacinas na zona oeste resultaram em 43 mortes. Essa região é responsável por um terço de todas as chacinas registradas ao longo deste ano no estado do Rio de Janeiro, que somam 37 casos e 141 vidas perdidas. É importante notar que o assassinato dos médicos é o primeiro episódio do tipo ocorrido especificamente na Barra da Tijuca em 2023.

Entre as 12 chacinas, sete delas estão relacionadas a operações policiais. Portanto, a morte dos médicos em questão se torna a quinta chacina na região que não tem vínculo com nenhuma ação policial.

As vítimas desse terrível incidente incluíram Diego Ralf Bomfim, irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP), bem como Marcos de Andrade Corsato e Perseu Ribeiro Almeida. Outro médico ficou gravemente ferido e foi levado para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, também na Barra da Tijuca.

Vale destacar que as vítimas eram profissionais que atuavam fora do estado do Rio de Janeiro e estavam na cidade para participar de um congresso internacional sobre cirurgia ortopédica. O quiosque onde ocorreu a tragédia está localizado próximo ao hotel onde o congresso estava sendo realizado.

Devido à importância e a gravidade do caso, o Ministério da Justiça determinou que a Polícia Federal assumisse a investigação. A deputada Sâmia Bomfim e outros membros do PSOL, incluindo o seu marido, o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), emitiram uma nota exigindo uma investigação imediata e minuciosa para descobrir as motivações por trás desses assassinatos. O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) também se manifestou, lamentando as mortes e pedindo uma apuração rigorosa.

O Instituto Fogo Cruzado, responsável pelo levantamento das chacinas, é uma plataforma que surgiu como um aplicativo desenvolvido pela Anistia Internacional em 2016. O objetivo inicial era monitorar tiroteios e seus impactos na região metropolitana do Rio de Janeiro. Com o tempo, a plataforma evoluiu e incorporou outras regiões metropolitanas, como Recife e Salvador.

Além de fornecer dados sobre a violência armada, o Fogo Cruzado busca auxiliar o planejamento de políticas de segurança pública eficazes. Em seus relatórios anuais, são apresentadas informações e estatísticas sobre eventos violentos. Para o mapeamento das chacinas, o instituto considera casos em que três ou mais civis são mortos em uma mesma situação, independentemente da motivação por trás dos disparos.

É importante ressaltar que, embora a chacina seja um termo popularmente utilizado para descrever casos em que ocorrem múltiplos homicídios em um curto espaço de tempo, esse conceito não tem uma definição jurídica clara. Alguns pesquisadores consideram que chacinas sempre envolvem vítimas em condição de vulnerabilidade e levam em conta outros aspectos, como motivação e premeditação.

Históricamente, o termo chacina ganhou notoriedade na década de 1990, quando diversos episódios violentos no Rio de Janeiro foram amplamente noticiados. Nos últimos anos, o aumento do número de chacinas associadas a ações policiais tem sido preocupante. Em 2021, a comunidade do Jacarezinho foi palco de um dos eventos mais mortais da história do Rio de Janeiro, quando 28 pessoas foram mortas durante uma operação policial. Segundo o Instituto Fogo Cruzado, das 37 chacinas mapeadas em 2023, 22 ocorreram durante ações ou operações policiais.

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