Repórter Recife – PE – Brasil

Desastres climáticos causam 43 milhões de deslocamentos infantis em cinco anos, alerta relatório da UNICEF

De acordo com um relatório divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), os desastres climáticos extremos causaram um total de 43,1 milhões de deslocamentos infantis entre 2016 e 2021. O relatório revela histórias impressionantes de crianças afetadas por eventos como enchentes, tempestades, secas e incêndios florestais.

O relatório destaca que esses deslocamentos são apenas a ponta do iceberg, pois muitas crianças afetadas não são contabilizadas nos números. Uma das histórias apresentadas é a de Khalid Abdul Azim, cuja vila foi inundada e a única forma de acesso era de barco. Ele conta que levaram suas coisas para a estrada e viveram ali por semanas.

Outro exemplo é o das irmãs Mia e Maia Bravo, que viram seu trailer ser engolido pelas chamas na Califórnia. Maia relata que ficava acordada a noite toda, assustada e em choque. Essas histórias mostram o impacto emocional e psicológico que os desastres climáticos têm nas crianças.

O relatório revela ainda que as estatísticas de deslocamentos infantis causados por desastres climáticos não levam em consideração as idades das vítimas. Por isso, a Unicef trabalhou em conjunto com o Centro de Monitoramento de Deslocamento Interno para esclarecer os dados e revelar o verdadeiro impacto nas crianças.

Entre 2016 e 2021, quatro tipos de desastres climáticos resultaram em 43,1 milhões de deslocamentos infantis em 44 países. Do total, 95% dos deslocamentos estão relacionados a chuvas e inundações. A coautora do relatório, Laura Healy, ressalta que isso equivale a cerca de 20 mil deslocamentos infantis por dia.

Healy ainda destaca que o número de deslocamentos devido a secas foi subestimado, pois esses eventos são menos frequentes e mais difíceis de quantificar. Ela afirma que o número de crianças deslocadas de seus lares será ainda maior com os impactos das mudanças climáticas.

Diante dessas informações alarmantes, o Unicef faz um apelo aos líderes mundiais para abordar essa questão na próxima cúpula climática (COP28), que acontecerá em Dubai. O relatório mostra que as crianças, inclusive aquelas que já foram forçadas a se deslocar, precisam estar preparadas para viver em um mundo com mudanças climáticas.

China, Índia e Filipinas são os países com o maior número de deslocamentos infantis, devido às suas enormes populações e localização geográfica. No entanto, a África e as pequenas nações insulares apresentam maiores riscos proporcionais. Em países como Dominica, Cuba e São Martinho, a proporção de menores deslocados chega a ser alarmante.

O relatório termina destacando que é necessário agir rapidamente para combater os efeitos das mudanças climáticas e proteger as crianças. Os impactos das mudanças climáticas estão aumentando e as mudanças devido ao clima também estão se intensificando. As crianças são as mais vulneráveis a essas consequências e é responsabilidade dos líderes mundiais garantir sua segurança e bem-estar.

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