Número recorde de empregadores ligados à escravidão é incluído na Lista Suja do Ministério do Trabalho e Emprego.

O Ministério do Trabalho e Emprego divulgou nesta quinta-feira (5) a nova edição da Lista Suja do trabalho escravo, que apresentou um número recorde de empregadores incluídos. A lista, publicada semestralmente desde 2003, trouxe a inclusão de 204 novos empregadores, o maior registro da história até o momento.

Entre os empregadores incluídos na lista, chamou atenção a presença da famosa cervejaria Kaiser, ligada ao Grupo Heineken no Brasil. Essa inclusão levanta questionamentos sobre a responsabilidade social das empresas em relação às suas cadeias produtivas.

A maioria dos novos casos está relacionada ao setor da produção de carvão vegetal, seguido pela criação bovina, serviços domésticos, cultivo de café e extração e britamento de pedras. Os estados com o maior número de novos casos foram Minas Gerais, São Paulo, Pará, Bahia, Piauí e Maranhão.

Segundo a Lista Suja, esses empregadores submeteram um total de 3.773 trabalhadores a condições análogas à escravidão. No entanto, é importante destacar que esse número não representa o total de pessoas resgatadas nessas condições no Brasil. Desde 1995, mais de 61 mil pessoas foram resgatadas nessa situação de exploração, segundo informações do site do Ministério do Trabalho.

A inclusão de um número recorde de empregadores na Lista Suja é atribuída a fatores como o aumento da pobreza nos últimos anos, especialmente devido à pandemia, e o apoio do governo atual à fiscalização contra o trabalho escravo. A vulnerabilidade econômica das pessoas durante a pandemia facilita sua exploração, já que aceitar empregos precários se torna uma alternativa mais viável.

Lydiane Machado e Silva, vice-presidente da Associação Nacional dos Procuradores de Trabalho (ANPT), destaca que as condições de trabalho precárias encontradas nesses casos muitas vezes envolvem alojamentos inadequados, falta de banheiros e armazenamento inadequado de alimentos. Além disso, há um aumento de resgates de mulheres submetidas a essas condições no trabalho doméstico.

A inclusão da cervejaria Kaiser na Lista Suja também chama a atenção da procuradora Lydiane, que questiona a falta de responsabilidade dessas grandes empresas em verificar toda sua cadeia produtiva.

Em nota, o Grupo Heineken afirmou que ficou surpreso com o caso envolvendo uma de suas prestadoras de serviços, a Transportadora Sider. A empresa se mobilizou para prestar apoio aos trabalhadores e garantiu que medidas foram tomadas junto à transportadora, que não faz mais parte de seus fornecedores. A Heineken reconhece a necessidade de avançar na checagem do cumprimento das regras presentes em seu Código de Conduta e desenvolveu uma plataforma para controle de terceirização.

A inclusão de empresas na Lista Suja é importante para conscientizar a sociedade sobre as condições de trabalho precárias presentes nas cadeias produtivas e reforçar a necessidade de fiscalização e combate ao trabalho escravo no país.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo