De acordo com Elizeta Ramos, os dispositivos presentes na emenda representam um retrocesso nas políticas afirmativas que visam garantir a igualdade de gênero e racial na política. A procuradora argumenta que qualquer legislação que resulte na sub-representação de mulheres e negros vai contra os limites materiais ao poder de emenda à Constituição Federal.
A principal crítica da PGR em relação à emenda é a falta de aplicação de sanções aos partidos que não cumpriram as cotas de financiamento em razão de gênero e raça. Segundo a procuradora, os dispositivos impedem a devolução de dinheiro, a aplicação de multas e a suspensão do Fundo Partidário. Essas penalidades são essenciais para garantir o cumprimento das cotas e para incentivar os partidos a promoverem a inclusão e a igualdade na política.
Desde as eleições de 2018, os partidos são obrigados a destinar pelo menos 30% dos recursos públicos de campanha para as mulheres. A partir de 2020, também se tornou obrigatória a distribuição equitativa de recursos entre candidatos negros e brancos. Essas medidas foram implementadas com o objetivo de aumentar a representatividade de mulheres e negros nos cargos políticos e combater a sub-representação desses grupos.
Ao se manifestar pela procedência da ADI, a procuradora-geral da República destaca o princípio da vedação do retrocesso, que impede a redução dos direitos e das conquistas alcançadas. Ela também contesta o argumento de que a norma questionada busca resguardar a segurança jurídica, afirmando que, na verdade, ela enfraquece as políticas de inclusão e a promoção da igualdade, representando um retrocesso nos avanços conquistados.
A decisão do STF em relação a essa ação direta de inconstitucionalidade será fundamental para garantir a efetividade das políticas de inclusão e igualdade na política brasileira. A expectativa é de que a Corte julgue a ADI de forma favorável, reconhecendo a importância das cotas de financiamento e incentivando a participação de mulheres, negros e outros grupos historicamente sub-representados no cenário político do país.