Ailton Krenak faz história ao ser eleito como primeiro indígena imortal da Academia Brasileira de Letras

Ailton Krenak, renomado escritor, filósofo e ativista indígena, foi eleito como o mais novo imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL). Com 70 anos de idade, Krenak será o primeiro indígena a ocupar uma cadeira na ABL, uma instituição que tem como objetivo preservar e valorizar a língua portuguesa.

A sua eleição para a ABL surpreendeu o próprio Ailton Krenak. Em entrevista à Agência Brasil e Rádio Nacional, o escritor afirmou estar muito surpreso com a escolha e ressaltou que essa instituição historicamente nunca se abriu para a diversidade das culturas dos povos originários.

Ele observa que a admissão de um indígena na ABL implica em admitir um universo de línguas diferentes, uma vez que o Brasil é um país colonizado onde outras etnias também nasceram. Krenak destaca a importância de abrir espaço para a multiplicidade de diálogos e a necessidade de traduzir os textos para dezenas de línguas nativas.

Ailton Krenak se considera um exemplo para as novas gerações e espera que seus netos e outros jovens indígenas possam se inspirar em seu exemplo. Ele afirma que cada um deve escolher o que quer fazer, mas destaca a importância de preservar a diversidade cultural e os direitos dos povos indígenas.

Além de ser um escritor e filósofo reconhecido, Krenak também é um ativista socioambiental e pelos direitos dos povos indígenas. Sua trajetória inclui um emblemático discurso proferido na Assembleia Constituinte, em Brasília, em 1987, no qual defendeu os direitos indígenas à cultura e à terra.

A posse de Ailton Krenak na ABL ainda não tem data marcada, mas deve ocorrer em 2024. Vale ressaltar que essa eleição histórica também contou com a candidatura de Daniel Munduruku, outro representante indígena, que ficou em terceiro lugar na disputa.

A chegada de Krenak na ABL é vista como um marco importante para a representatividade dos povos indígenas na academia. A ativista e artista visual Daiara Tukano destacou a importância desse momento e ressaltou que o novo imortal é um pensador de Brasil, cuja produção literária carrega a força da oralidade e representa a resistência dos povos indígenas.

Daiara espera que mais representantes de minorias sejam eleitos para a ABL, como mestre Antônio Bispo, com o pensamento quilombola, e Conceição Evaristo, uma mulher negra e filósofa. A ideia é que a população brasileira se reconheça nas cadeiras da academia e que a diversidade seja cada vez mais valorizada.

Com essa eleição, a ABL demonstra um importante avanço em relação à representatividade e à valorização das culturas indígenas e de outras minorias dentro da academia. A posse de Ailton Krenak será um momento histórico para a instituição e para o Brasil, reafirmando a importância da diversidade cultural e da preservação dos direitos dos povos originários.

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