Botero faleceu no dia 15 de setembro aos 91 anos, vítima de pneumonia. Seus restos mortais foram inicialmente transladados para a Colômbia, onde seus compatriotas puderam prestar suas últimas homenagens, especialmente em Bogotá, capital do país, e em Medellín, sua cidade natal.
No entanto, o artista colombiano expressou o desejo de ser enterrado na cidade de Pietrasanta, localizada a 30 km de Pisa, ao norte da Itália. A pequena cidade é conhecida como “a pequena Atenas” devido às suas pedreiras de mármore, fundições e escultores.
Botero é autor de cerca de 300 esculturas e 3.000 pinturas, caracterizadas por seu inconfundível estilo de figuras volumosas e robustas. Em Pietrasanta, é possível encontrar algumas de suas obras, como “A porta do Paraíso” e “A porta do inferno”, expostas na igreja da Misericórdia, onde suas cinzas foram exibidas desde quinta-feira até o dia do funeral.
As cinzas do artista foram transportadas da igreja até a catedral de San Martino de Pietrasanta para a cerimônia fúnebre, acompanhadas por uma orquestra local.
Durante a cerimônia, discursos foram proferidos pelo prefeito da cidade, pela embaixadora colombiana na Itália, Ligia Margarita Quessep Bitar, por alguns amigos do artista e por sua filha, Lina Botero.
“Concedemos a cidadania a Botero como forma de agradecimento, pois ele realmente a merecia”, afirmou o prefeito Alberto Giovannnetti à AFP. “Ele sempre amou Pietrasanta e a cidade também soube acolhê-lo e abrir suas portas para ele”.
Adolfo Agolini, proprietário da fundição Mariani e amigo de Botero, contou que conheceu o pintor no início de 1976. “Ele chegou com sua esposa, Sophia Vari (…). Começamos a colaborar e essa colaboração durou até hoje”.
As cinzas de Botero foram colocadas à frente do altar da catedral, rodeadas por flores brancas e ao lado de um grande retrato do artista. Seus três filhos, Fernando Botero Zea, Lina Botero e Juan Carlos Botero, sentaram-se na primeira fileira.
“Este país sempre foi muito importante para o meu pai. Estamos muito felizes por ele ter escolhido Pietrasanta como seu local de descanso eterno”, disse Lina Botero à AFPTV. “Ele trabalhou aqui por mais de 40 anos, fez suas esculturas aqui, graças ao trabalho das fundições, dos ateliês de mármore com os quais ele trabalhou, assim como os artesãos, que ele admirava tanto pelo talento e respeitava”.
Após a cerimônia, as cinzas de Botero foram enterradas em uma área do cemitério reservada para cidadãos ilustres de Pietrasanta.
As obras de Botero são conhecidas mundialmente e podem ser vistas em museus e espaços públicos de cidades como Bogotá, Madri, Paris, Barcelona, Singapura e Veneza. O artista afirmava que as exposições em espaços públicos são uma “forma revolucionária” de aproximar a arte do povo. Algumas de suas peças foram leiloadas por valores que alcançaram até 4,3 milhões de dólares (aproximadamente 22 milhões de reais).
