Avanços na medicina cardiovascular não reduzem preocupação com conscientização e prevenção, diz diretora de cardiologia da Rede D’Or.

A medicina vem apresentando avanços significativos no diagnóstico e tratamento das doenças cardiovasculares ao longo das últimas décadas. Entretanto, a diretora nacional de cardiologia da Rede D’Or, Olga Ferreira de Souza, alerta para a falta de conscientização e prevenção dos fatores de risco relacionados a essas doenças. No Brasil, por exemplo, existem cerca de 50 milhões de hipertensos.

Souza está especialmente preocupada com o aumento do número de infartos em mulheres, inclusive entre as mais jovens, o que levou a Sociedade Brasileira de Cardiologia a se posicionar a respeito. De acordo com a cardiologista, a genética é um fator determinante, porém é o estilo de vida que irá determinar se a doença cardíaca se manifestará aos 40 ou aos 70 anos de idade.

Segundo Souza, sempre é possível cuidar do coração, independentemente da idade. É importante iniciar a mudança de hábitos de vida o mais cedo possível, a fim de evitar doenças futuras. Mesmo aqueles que já possuem algum grau de doença podem estabilizá-la e evitar sua progressão. Com isso, infartos, doenças coronarianas, arritmias e hipertensão podem ser prevenidos.

Embora a genética desempenhe um papel primordial no desenvolvimento das doenças cardiovasculares, é possível superar sua influência por meio de hábitos saudáveis. Praticar atividades físicas, controlar o colesterol, manter o peso adequado e ter uma alimentação balanceada são atitudes que podem retardar ou evitar o surgimento precoce dessas doenças.

É importante ressaltar que o infarto é grave em qualquer idade, seja no jovem, adulto ou idoso. A maioria das pessoas que sofre um infarto não consegue receber o primeiro atendimento médico a tempo e acaba falecendo. Nesse sentido, é preocupante constatar que as doenças cardiovasculares causam mais mortes do que o câncer, acidentes e violências, doenças respiratórias e infecções.

Em relação aos exames que devem ser realizados por uma pessoa saudável e sem histórico familiar de doenças cardíacas, Souza recomenda uma consulta médica simples que avalie fatores de risco como pressão arterial, peso, frequência cardíaca, glicose e colesterol. Exames de imagem como tomografia e ressonância devem ser realizados apenas se houver necessidade médica.

A maior preocupação de Souza atualmente é a hipertensão arterial, que se tornou extremamente prevalente no Brasil. É possível controlar a hipertensão com medicamentos, estilo de vida saudável e redução do consumo de sal. A Organização Mundial de Saúde recomenda uma ingestão diária de até 5 gramas de sal, enquanto a média do brasileiro é de 10 a 12 gramas.

Em relação ao estresse, Souza destaca que é uma reação inevitável diante das situações de risco enfrentadas no dia a dia. Porém, é fundamental aprender a reconhecer os momentos de estresse e buscar meios de relaxamento posteriormente. O estresse crônico é o que realmente gera problemas ao organismo.

A Sociedade Brasileira de Cardiologia tem alertado para o aumento do número de infartos em mulheres, especialmente na faixa etária de 50 a 69 anos, mas também entre mulheres jovens. Muitas vezes, os sintomas do infarto nas mulheres são mais leves e passam despercebidos. É fundamental que todas as pacientes valorizem qualquer sintoma e busquem atendimento médico.

Em relação ao consumo de álcool, Souza destaca que ainda existem muitas dúvidas quanto ao seu papel nas doenças do coração. Estudos indicam que o vinho, rico em um antioxidante chamado resveratrol, pode ser benéfico. Entretanto, mais pesquisas são necessárias para se ter uma conclusão definitiva.

Em resumo, embora a medicina tenha avançado significativamente no diagnóstico e tratamento das doenças cardiovasculares, é fundamental investir em conscientização e prevenção dos fatores de risco. Os hábitos de vida saudáveis são essenciais para a saúde do coração e podem prevenir doenças futuras. A detecção precoce e o tratamento adequado também são fundamentais para reduzir a mortalidade por doenças cardiovasculares.

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