Nas redes sociais, circulam imagens de uma ação policial contra os indígenas, que teria ocorrido neste domingo (8). Ainda não há confirmação oficial sobre feridos. A Barragem Norte de José Boiteux está localizada em uma terra indígena no Vale do Itajaí. O fechamento das comportas foi determinado pelo governo como resposta às fortes chuvas que estão atingindo o estado e que já resultaram em duas mortes. Cerca de 82 municípios estão em situação de emergência.
Durante coletiva de imprensa, o governador Jorginho Mello afirmou que a decisão de fechar a barragem é necessária para conter a água, mas ressaltou que a questão indígena está sendo avaliada e será atendida.
A barragem foi planejada para o controle de cheias e suas obras começaram em 1976, durante a ditadura militar. No entanto, a estrutura está sem uso desde 2014. A barragem está localizada no rio Hercílio, que deságua no rio Itajaí-Açu, cortando diversas cidades do estado, incluindo Blumenau, que cancelou a tradicional Oktoberfest devido aos impactos das chuvas.
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi), organização que luta pelos direitos dos povos indígenas, divulgou uma nota em que denuncia a presença policial no território indígena como uma invasão ilegal. A entidade também critica a falta de Estudo de Impacto Ambiental para a construção da barragem e alerta para o risco de rompimento caso as comportas sejam fechadas.
A falta de um canal extravasor também é questionada pelo Cimi, que alerta para o risco de a água verter sobre a estrutura da barragem, causando um colapso. A organização questiona se o governo catarinense possui laudo técnico que assegure a segurança na operação de fechamento das comportas e se a população que vive abaixo da barragem foi devidamente informada sobre os riscos.
Após o anúncio do governo, a Justiça Federal respaldou o ingresso dos agentes estaduais na barragem. No entanto, o juiz de plantão ponderou que o governo deve adotar as medidas necessárias para proteger todos os envolvidos. Mais tarde, o magistrado informou ter recebido a notícia de um acordo entre lideranças indígenas, a prefeitura de José Boiteux e o governo estadual. O acordo prevê a desobstrução e melhoria das estradas, atendimento de saúde 24 horas, barcos para atender a comunidade, ônibus para deslocamento dos moradores até a cidade, entre outras medidas.
Lideranças indígenas afirmam que a reunião para discutir medidas para a comunidade ocorreu, mas foram pegos de surpresa com a decisão do fechamento das comportas. Eles alegam que o encontro tratou de melhorias para a comunidade, como água potável, moradia e transporte, e não houve discussão sobre o fechamento da barragem.
A Polícia Militar de Santa Catarina foi procurada pela Agência Brasil para dar esclarecimentos, mas até o momento não houve resposta. A situação continua tensa na região, com os indígenas tentando resistir ao fechamento das comportas e o governo afirmando que a medida é necessária para o controle da água. O desfecho dessa situação ainda é incerto.