Procuradora-Geral da Guatemala exige desobstrução de estradas bloqueadas por manifestantes e enfrenta pedido de renúncia.

Após uma semana de protestos fervorosos em todo o país, a procuradora-geral da Guatemala, Consuelo Porras, exigiu nesta segunda-feira que as forças de segurança desbloqueassem as dezenas de estradas que haviam sido bloqueadas pelos manifestantes como forma de pressionar sua renúncia. Porras é acusada pelos manifestantes de planejar um “golpe de Estado” contra o presidente Bernardo Arévalo, que foi eleito em agosto deste ano, derrotando a ex-primeira-dama Sandra Torres nas urnas.

No domingo, organizações camponesas anunciaram uma “paralisação por tempo indeterminado” em 52 pontos do país, bloqueando estradas em todos os departamentos. A Procuradora-Geral, em um vídeo divulgado nas redes sociais, afirmou que é urgente que as autoridades competentes cumpram a lei e exerçam as funções para as quais foram nomeadas. Ela ressaltou que as manifestações pacíficas são um direito, mas os bloqueios são crime.

Os protestos exigindo a saída da Procuradora-Geral, bem como do promotor Rafael Curruchiche e do juiz Fredy Orellana, que lideraram incursões questionáveis à sede do Tribunal Superior Eleitoral em setembro, continuam ganhando força em diferentes partes do país. Durante as buscas na sede do tribunal, os procuradores abriram 70 urnas que continham votos do primeiro turno das eleições, realizadas em junho.

Além dos bloqueios em estradas, várias lojas, empresas e supermercados também fecharam suas portas em repúdio às ações do Ministério Público. O medo de uma intensificação dos protestos fez com que os guatemaltecos lotassem os poucos supermercados abertos no domingo, esvaziando as prateleiras.

A Associação das Companhias Aéreas da Guatemala (AGLA) emitiu um comunicado informando sobre os impactos na cadeia de abastecimento devido aos bloqueios. A falta de combustível de aviação coloca em risco a continuidade das operações das companhias aéreas de passageiros e carga, segundo a AGLA.

Arévalo, o presidente eleito, reiniciou uma turnê internacional na semana passada para denunciar a tentativa do Ministério Público de impedi-lo de assumir o cargo. As ações realizadas pelo Ministério Público, como a busca na sede do tribunal eleitoral para confiscar as atas das últimas eleições, o pedido para retirar os foros dos juízes do órgão e a tentativa de suspender o partido de Arévalo, o Movimento Semente, causaram preocupação na comunidade internacional.

Os Estados Unidos já afirmaram que usarão todas as ferramentas disponíveis contra aqueles que agirem para minar a democracia e o estado de direito na Guatemala. O governo brasileiro, a OEA, Espanha, União Europeia e diversas organizações internacionais também expressaram preocupação com as interrupções no processo de transição de poder no país, considerando as ações do Ministério Público uma ameaça à democracia e governabilidade da Guatemala.

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