Brasil é considerado por professores como potencial mediador no conflito entre Israel e Palestina

Professores das universidades do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) acreditam que o Brasil tem a credibilidade necessária para atuar como mediador entre israelenses e palestinos. Para eles, além do papel histórico desempenhado por Oswaldo Aranha na Assembleia Geral da ONU em 1947, quando presidiu a votação para a criação de dois Estados, o país mantém relações diplomáticas com Israel e Palestina, defende o respeito às leis internacionais e busca soluções pacíficas.

O professor de relações internacionais da Uerj, Williams Gonçalves, destaca a importância de Oswaldo Aranha no processo de divisão da Palestina: “Ele se empenhou para que a divisão fosse reconhecida e aquela situação fosse resolvida, de modo que cada povo fosse acomodado e construísse o seu Estado. Portanto, Oswaldo Aranha agiu todo o tempo de boa-fé, interessado em resolver o conflito envolvendo os dois Estados.”

Fernando Brancoli, professor de Segurança Internacional e Geopolítica da UFRJ, ressalta que Oswaldo Aranha é visto como uma figura importante dentro de Israel por seu papel na solução de dois Estados.

O Brasil, historicamente, busca soluções amigáveis e um meio-termo entre adversários, além de defender o direito internacional. O país já atuou como mediador em diversos momentos na América Latina e possui credibilidade internacional para participar da solução de conflitos. “O Brasil não gerou inimizades, não tem conflito com seus vizinhos. Outro fator que favorece a intermediação é que o Brasil sempre defendeu a existência dos dois Estados”, afirma Gonçalves.

Como presidente rotativo do Conselho de Segurança da ONU, o Brasil convocou uma reunião de emergência para discutir o conflito entre Israel e o Hamas. E enquanto o Brasil pode contribuir com ajuda humanitária e retirada de civis da área de conflito, Brancoli acredita que, neste momento, é difícil que o país tenha um papel mais efetivo na interrupção do conflito, considerando que estamos vivendo o pior momento de tentativas de mediação em 40 anos.

Gonçalves destaca que qualquer acordo entre as partes envolve concessões de ambas as partes. É essencial que haja boa vontade e disposição para negociar e fazer concessões. Afinal, não há intermediário que satisfaça a todos em uma negociação em que as partes são intransigentes e não admitem qualquer concessão.

O Brasil, com sua tradição de busca por soluções pacíficas e sua credibilidade internacional, poderia desempenhar um papel importante como mediador no conflito entre israelenses e palestinos. No entanto, para que isso aconteça, é necessário que as partes estejam dispostas a negociar e fazer concessões.

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