Repórter Recife – PE – Brasil

Troca de acusações entre presidente argentino e candidato libertário esquenta campanha eleitoral em meio à crise cambial

A corrida eleitoral na Argentina está cada vez mais acirrada com as acusações entre o presidente Alberto Fernández e o candidato libertário Javier Milei. A crise cambial dos últimos dias, que resultou na despencada do valor do peso argentino, foi o estopim para essa troca de farpas.

Fernández denunciou Milei, favorito nas pesquisas e conhecido como ultradireitista, criminalmente por “intimidação pública”, responsabilizando-o pela queda brusca do peso no mercado informal, chegando a 1.010 pesos por dólar. É importante lembrar que o peso argentino está sendo negociado a 5,049 por dólar no mercado oficial.

Milei, por sua vez, rebateu as acusações do presidente em uma coletiva de imprensa, afirmando: “Se o governo quer dissuadir os responsáveis pela corrida cambial e financeira, o que precisa fazer é se olhar no espelho”. O candidato promove a dolarização da economia argentina e o fechamento do Banco Central, enfatizando a falta de confiança na moeda emitida pelo governo.

A denúncia de Fernández também incluiu Ramiro Marra e Agustín Romo, líderes da coalizão de extrema direita A Liberdade Avança, de Milei. Eles também foram acusados de incentivar as pessoas a não economizarem em pesos e a comprarem dólares.

A Argentina enfrenta uma grave crise econômica, com inflação anualizada acima de 120% e taxa de pobreza de 40%. Além disso, há uma escassez de divisas, que o governo atribui a uma seca severa que afetou a produção agrícola, o maior setor exportador.

Em meio a essa crise, o governo desvalorizou o peso em 22% em agosto, por indicação do Fundo Monetário Internacional (FMI), com o qual mantém um programa de crédito de US$ 44 bilhões. Desde então, a inflação disparou e o peso se desvalorizou ainda mais.

Diante do impacto do aumento de preços, Sergio Massa, ministro da Economia e candidato presidencial pelo partido governista União pela Pátria, decretou o pagamento de bônus e interrupções fiscais para os trabalhadores. No entanto, Milei insiste que a inflação é uma questão monetária e afirma que suas declarações visam o bem-estar dos argentinos.

Nas últimas pesquisas, Milei está à frente de Massa e da candidata de direita Patricia Bullrich, do Juntos pela Mudança. No entanto, ambos questionam a condição psicológica do candidato. Bullrich o acusa de “instabilidade emocional” e Massa sugere uma avaliação psicológica e psiquiátrica dos candidatos.

Milei também foi processado por Bullrich depois de acusá-la de colocar bombas em jardins de infância durante sua militância na Juventude Peronista na década de 1970. O candidato afirma que estão tentando “sujar o processo eleitoral ou até mesmo proibir o partido mais votado”.

Diante desse cenário, Milei afirma que nada poderá evitar a “surra eleitoral” que seus adversários vão tomar nas urnas. Resta aguardar o desfecho das eleições presidenciais argentinas no próximo domingo, dia 22.

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