Diferença de 182 pontos entre alunos de escolas privadas e públicas na redação do Enem preocupa especialistas.

No Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), alunos de escolas privadas continuam apresentando uma vantagem significativa sobre seus colegas das escolas públicas, especialmente na prova de redação. De acordo com dados obtidos pelo jornal O Globo, a diferença entre as médias das redações das escolas privadas e públicas em 2022 foi de 182 pontos, o triplo da diferença nas disciplinas objetivas.

Esses dados fazem parte de uma pesquisa chamada “Análise da evolução e disparidades nas notas do Enem”, realizada pela edtech AIO Educação, e foram retirados do Serviço de Acesso a Dados Protegidos (Sedap) do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Vale ressaltar que os resultados das escolas no Enem por escola não são divulgados há três anos.

A média das provas objetivas das escolas privadas foi de 562 pontos, enquanto nas escolas públicas foi de 495 pontos. Já na prova de redação, as médias foram de 736 e 554, respectivamente. É importante ressaltar que apenas as escolas com mais de dez participantes foram consideradas no cálculo.

O CEO da AIO Educação, Murilo Vasconcelos, destacou a importância da redação, que tem um peso significativo no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), e ressaltou a necessidade das escolas públicas acompanharem essa realidade para não ficarem para trás.

Um exemplo de escola pública que tem se destacado na preparação dos estudantes para o Enem é a Escola Estadual Maurílio Albanese Novaes, em Ipatinga, Minas Gerais. Lá, a redação é trabalhada junto com as aulas de Português e Literatura, e os alunos têm acesso a correções e modelos de redações nota 1.000 de anos anteriores. Essa dedicação da equipe docente tem trazido resultados expressivos, como uma média de 817 na redação.

Os dados também mostram que, apesar das dificuldades impostas pela pandemia, as escolas públicas conseguiram melhorar o desempenho médio no Enem, enquanto as escolas privadas tiveram uma queda. Segundo Ernesto Martins Faria, diretor-fundador do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), a participação dos alunos da rede pública no Enem caiu de 50% para 30% durante a pandemia, o que impactou o resultado final. No entanto, mesmo com essa melhora, há ainda uma grande discrepância entre as notas das escolas públicas e privadas.

Os dados da AIO Educação também apontam para a influência da renda e escolaridade das mães dos estudantes no desempenho no Enem. Colégios em que a maioria das mães nunca estudou tiveram uma média de 426,15 pontos, enquanto escolas com mais mães com ensino superior completo alcançaram uma média de 590,45 pontos.

No ranking das 50 escolas com as melhores notas no Enem, apenas quatro são públicas. No entanto, é importante ressaltar que essas escolas também contam com critérios de seleção de alunos e não são abertas ao público geral.

Esses dados revelam a importância de se investir em políticas que promovam a equidade na educação, buscando reduzir as disparidades entre escolas públicas e privadas. Afinal, é fundamental garantir que todos os estudantes tenham a mesma oportunidade de acesso à educação de qualidade e à possibilidade de ingressar em universidades concorridas.

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