Novo terminal de contêineres em Suape gera polêmica com investimento bilionário e promessa de poucos empregos

Na última segunda-feira (16), foi anunciada a instalação de um novo terminal de contêineres no Complexo Industrial Portuário de Suape, em Pernambuco. A governadora Raquel Lyra divulgou a autorização para o empreendimento, que será realizado pela empresa APM Terminals, subsidiária da A.P Moller-Maersk, com um investimento de aproximadamente R$ 1,6 bilhão. Segundo a gestora, a instalação do terminal vai garantir mais competitividade para o Porto de Suape e possibilitar que o estado receba mais carga e amplie a geração de novos negócios.

Durante a obra do terminal, que está prevista para começar em 2024, serão gerados 500 empregos diretos e 2 mil indiretos. Já quando estiver em operação, o terminal deverá gerar 350 postos de trabalho diretos e 1,4 mil indiretos. Além disso, a previsão é que o equipamento movimente anualmente 400 mil TEUs e possa chegar a 1,3 milhão de TEUs quando estiver em pleno funcionamento.

O diretor-presidente da APM Terminals Suape, Aristides Russi Junior, destacou que o novo terminal será o primeiro 100% eletrificado na América Latina, com equipamentos elétricos, rede 5G própria e um sistema completo de gestão ambiental. Ele ressaltou que essas tecnologias vão possibilitar a transmissão de informações em tempo real para os clientes, 24 horas por dia, sete dias por semana.

Apesar das perspectivas otimistas apresentadas pelas autoridades, é importante questionar os impactos que a instalação desse terminal de contêineres pode trazer para o meio ambiente e para a população local. O aumento do volume de carga movimentado no Porto de Suape pode resultar em uma sobrecarga no sistema de transporte e na infraestrutura viária da região, o que pode gerar congestionamentos, poluição atmosférica e sonora.

Além disso, não podemos deixar de mencionar a possibilidade de danos ambientais decorrentes da operação do novo terminal. A APM Terminals destaca que contará com um sistema completo de gestão ambiental, mas fica a dúvida sobre a real efetividade desse sistema e se ele será capaz de minimizar os impactos da atividade portuária.

Outro ponto importante é a precarização do trabalho. Embora o empreendimento vá gerar empregos diretos e indiretos, é necessário questionar a qualidade dessas vagas e se elas vão proporcionar condições dignas aos trabalhadores. Muitas vezes, empreendimentos desse porte acabam explorando a mão de obra, oferecendo salários baixos e condições de trabalho inadequadas.

Em resumo, a instalação do novo terminal de contêineres no Porto de Suape pode trazer alguns benefícios econômicos para a região, como a geração de empregos e a ampliação do volume de carga movimentado. No entanto, é fundamental que haja um debate sério e transparente sobre os impactos socioambientais desse empreendimento e que sejam adotadas medidas efetivas para minimizar esses impactos e garantir o desenvolvimento sustentável da região.

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