Seca histórica no Amazonas causa a morte de 10% da população local de botos devido ao superaquecimento das águas.

Cientistas da ONG WWF (World Wildlife Fund) e do Instituto Mamirauá, em parceria com uma força tarefa, divulgaram ontem os resultados da primeira avaliação sobre o impacto da seca na biodiversidade do lago Tefé, no Amazonas. Segundo o estudo, houve uma grande mortalidade de botos nos últimos 15 dias, resultando na perda de cerca de 10% da população local desses mamíferos marinhos.

Durante o período de avaliação, foram encontradas 153 carcaças de botos, sendo a maioria da espécie boto-cor-de-rosa (130) e alguns da espécie boto-tucuxi (23). Os cientistas acreditam que pelo menos 70 desses animais morreram no dia 28 de setembro, quando a temperatura da água do lago Tefé atingiu 39,1°C.

Além do calor intenso, os pesquisadores identificaram a proliferação de algas tóxicas, como a Euglena sanguinea, como um fator de estresse para os animais. No entanto, as necropsias realizadas em mais de 100 animais não encontraram sinais de intoxicação direta.

A situação no lago Tefé mobilizou cerca de 100 pessoas, vindas de mais de 20 organizações diferentes, em um esforço coletivo para investigar o impacto do calor em outros animais e organismos. A perda dos botos é considerada alarmante pelos especialistas, pois esses animais são considerados “sentinelas”, ou seja, indicadores da saúde do ambiente onde vivem. O que acontece com eles pode ter efeitos negativos nas demais espécies da região, inclusive a humana.

Uma das estratégias adotadas pelos pesquisadores é identificar indivíduos vivos que possam ter sido especialmente afetados pelo calor e oferecer tratamento. No entanto, até o momento, nenhum animal foi resgatado. Outra medida é identificar e bloquear áreas do lago que apresentam temperaturas mais elevadas, para evitar a entrada dos botos. Os trechos mais profundos do lago, que se aquecem menos, são considerados mais seguros para esses animais.

Além da mortalidade dos botos, os pesquisadores também estão recolhendo um grande volume de peixes mortos na região. No entanto, de acordo com o Instituto Mamirauá, a mortandade de peixes é considerada normal para eventos de seca extrema na região.

A situação no lago Tefé é preocupante e ressalta a necessidade de medidas urgentes para proteger a biodiversidade da região. A seca e o aumento da temperatura da água são problemas que afetam diretamente não apenas os animais, mas também as comunidades locais que dependem dos recursos naturais do lago. É fundamental que esforços sejam feitos para mitigar esses impactos e preservar o ecossistema da região.

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