Telegram: A plataforma de mensagens que desafia as restrições estatais e se torna a principal fonte de informação no conflito Israel-Palestina.

Nos últimos dias, o conflito entre o exército de Israel e o grupo Hamas tem se intensificado na região de Gaza. E, curiosamente, ambos os lados têm utilizado o aplicativo de mensagens Telegram para anunciar suas ações. Esse serviço, que nasceu sob polêmica, tem se tornado uma ferramenta de inspiração libertária, escapando de qualquer moderação estatal.

O Telegram, criado por Pavel e Nikolai Durov, irmãos russos opositores de Vladimir Putin, conquistou aqueles que temem interferências dos poderes estatais. Com seu alto nível de criptografia e anonimato, o aplicativo já conta com mais de 700 milhões de usuários ativos. As mensagens são divulgadas em grupos que podem chegar a ter até 200 mil participantes.

No entanto, o Telegram não é apenas utilizado por dissidentes e criminosos. Atualmente, ele também é adotado por instituições e políticos. Mas é justamente por permitir o compartilhamento de conteúdos extremistas, neonazistas, pedófilos, conspiratórios e terroristas que o aplicativo tem sido alvo de críticas.

A Unesco revelou recentemente que metade dos conteúdos relacionados ao Holocausto no Telegram são negacionistas. E agora, com o conflito entre Israel e Palestina, o aplicativo tem sido usado para disseminar imagens de assassinatos e reféns publicados pelo Hamas. Essas imagens são compartilhadas no Telegram antes de se espalharem por outras plataformas mais populares.

Israelenses e palestinos têm compreendido o poder do Telegram como uma fonte de informação bruta. Centenas de milhares de pessoas estão se inscrevendo no aplicativo desde Israel aos Territórios Palestinos. As organizações terroristas têm tirado proveito da plataforma, compartilhando imagens chocantes e até mesmo recrutando membros.

Mas o Telegram sempre se mostrou resistente à moderação de conteúdos violentos. Apesar de bloquear contas antivacinas que incitam agressões a médicos, a empresa se orgulha de não levar em consideração as “restrições locais à liberdade de expressão”. Recentemente, o Telegram bloqueou uma conta do Hamas na Europa que havia divulgado o vídeo de uma refém franco-israelense. No entanto, a Comissão Europeia não interveio, uma vez que o aplicativo não é considerado uma das “grandes plataformas” sujeitas à retirada de conteúdos ilegais.

Diante desse cenário, o Telegram se mantém como um espaço onde a moderação é negligenciada. Enquanto isso, a discussão sobre a liberdade de expressão e a regulamentação dessas plataformas continua em pauta. É preciso encontrar um equilíbrio entre a liberdade de comunicação e a necessidade de combater a disseminação de conteúdos violentos e extremistas.

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