Aumento da violência política na reta final das eleições locais na Colômbia preocupa autoridades e defensoria.

Nos últimos meses, a Colômbia tem sido palco de uma crescente onda de violência que tem preocupado as autoridades e assustado a população. De acordo com a Defensoria do Povo, as ameaças, extorsões, homicídios e deslocamentos têm aumentado de forma alarmante, especialmente durante o período das campanhas eleitorais para as eleições locais que acontecerão no dia 29 de outubro.

O número de agressões registradas passou de seis em janeiro para 100 em setembro, refletindo um recrudescimento da violência desde a assinatura do acordo de paz com a extinta guerrilha das Farc, em 2016. Segundo Carlos Camargo, chefe do gabinete do defensor do povo, essa tendência de aumento das consequências da violência é observada em todo o território nacional.

Os ataques têm sido direcionados a sedes políticas, candidatos e outros alvos relacionados ao processo eleitoral. Ao todo, foram registrados 323 casos de violência política este ano até setembro. Os principais responsáveis por essas agressões são os dissidentes das Farc, que se afastaram do acordo de paz, o Clã do Golfo, a maior quadrilha de narcotraficantes do país, e a guerrilha do ELN.

Diante dessa realidade preocupante, Carlos Camargo afirma que a ação do Estado tem sido insuficiente e que é necessário fortalecer a resposta das instituições para mitigar os riscos. Os departamentos mais afetados pela violência eleitoral são Norte de Santander, Arauca e Nariño, que fazem fronteira com a Venezuela e o Equador.

É importante ressaltar que essas eleições ocorrem em meio a negociações de paz entre o governo colombiano e alguns grupos armados, na tentativa de encerrar um conflito que já dura seis décadas. Recentemente, foi instalada uma mesa de diálogo entre delegados do presidente Gustavo Petro e do Estado Maior Central (EMC), principal grupo de dissidentes das Farc, com o objetivo de desmobilizar cerca de 3.500 rebeldes e estabelecer um fim definitivo à insurgência. Além disso, o Exército de Libertação Nacional (ELN), que possui mais de 5.800 rebeldes, encerrou o quarto ciclo de negociações com o governo em setembro.

No entanto, Carlos Camargo ressalta a importância de que essas negociações sejam efetivamente traduzidas em ações concretas e gestos inequívocos de paz. O conflito colombiano já deixou nove milhões de vítimas, a maioria delas deslocadas, e é imprescindível que a violência seja combatida de forma efetiva para que a população possa exercer seu direito de participar do processo democrático de escolha de seus representantes.

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