Exposição homenageia 35 anos da icônica mostra “A Mão Afro-Brasileira” e Emanoel Araújo, no MAM e Museu Afro Brasil

Há 35 anos, o Brasil foi marcado por uma exposição histórica que celebrava a arte afro-brasileira e marcou o centenário da abolição da escravidão. A exposição intitulada A Mão Afro-Brasileira foi curada pelo artista e museólogo Emanoel Araújo em 1988, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) e se tornou um marco na história do país. Agora, em 2023, o MAM e o Museu Afro Brasil Emanoel Araújo se unem para homenagear essa exposição icônica e o próprio Emanoel Araújo com a mostra Mãos: 35 anos da Mão Afro-Brasileira.

A exposição atual reúne pinturas, gravuras, fotografias, esculturas e documentos de mais de 30 artistas afrodescendentes brasileiros, tanto populares quanto acadêmicos, modernos e contemporâneos. Além disso, a mostra também exibe documentos referentes à exposição de 1988, trazendo um recorte e uma atualização sobre o trabalho realizado por Araújo há mais de três décadas. A curadoria da exposição é de responsabilidade do artista Claudinei Roberto da Silva.

De acordo com Cauê Alves, curador-chefe do MAM, a exposição de 1988 foi pioneira em abordar a temática da arte afro-brasileira e foi fundamental para a fundação do Museu Afro Brasil. Agora, a intenção é revisitar essa exposição e refletir sobre o seu significado nos dias atuais. Alves destaca que a mostra também é uma forma de celebrar a trajetória do próprio Emanoel Araújo, que ficou entusiasmado com a proposta, mas infelizmente não pôde ver o projeto concretizado antes de sua morte.

Além disso, a realização dessa exposição ocorre em um momento em que diversas instituições de São Paulo estão voltando seus olhares para a arte produzida por artistas afrodescendentes. Essa atenção ampliada para a diversidade étnica, de gênero e classe é reflexo de um processo histórico de apagamentos e exclusões que está sendo repensado.

A exposição também traz à tona o debate sobre a constituição dos acervos dos museus brasileiros e a importância de espelhar a diversidade da população do país. A ideia é que parte das obras expostas possa ser adquirida pelo museu, contribuindo para a diversificação de seu acervo. Segundo Cauê Alves, essa é uma forma de combater o epistemicídio, ou seja, o apagamento da história e memória dos grupos oprimidos.

A mostra Mãos: 35 anos da Mão Afro-Brasileira estará em cartaz no MAM e no Museu Afro Brasil Emanoel Araújo até o dia 3 de março. Os visitantes podem conferir a exposição com entrada gratuita aos domingos no MAM e às quartas-feiras no Museu Afro.

Esse momento de valorização da arte afrodescendente não se trata de uma moda passageira, mas sim de um processo histórico de emergência e ascensão, como destaca o curador Claudinei. É importante celebrar essa conquista, porém, é necessário continuar refletindo e trabalhando para ampliar a representatividade desses artistas nos grandes museus do país.

Dessa forma, a exposição Mãos: 35 anos da Mão Afro-Brasileira assume um papel significativo ao resgatar memórias e histórias, combatendo o apagamento e promovendo a diversidade. É um convite para refletir sobre o passado, presente e futuro da arte afro-brasileira e sua relevância na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

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