Policiais Civis envolvidos em desvio de carga de cocaína são alvos de operações Déjà Vu e Turfe, da Polícia Federal

Uma carga de 500 kg de cocaína apreendida pela 25ª Delegacia de Polícia (Engenho Novo) em dezembro de 2020 foi alvo de desvio por parte de agentes da Polícia Civil e de um delegado, resultando nas operações Turfe e Déjà Vu, conduzidas pela Polícia Federal. O traficante Leonardo Serro dos Santos, conhecido como Jonny, que seria o dono da droga, reclamou em mensagens divulgadas pelo RJTV sobre o desvio feito pelos policiais. Na ocasião da apreensão, a polícia informou que 203 tabletes de cocaína, equivalentes a 220 kg, foram encontrados em sete malas escondidas em um caminhão na Avenida Brasil, próximo à comunidade da Nova Holanda, no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio. A carga foi avaliada em R$ 6 milhões.

A ação foi amplamente divulgada pela Polícia Civil, que comemorou a apreensão. O motorista do veículo, Cláudio Luiz Cancissu Maia, de 48 anos, foi preso em flagrante por tráfico de drogas e associação ao tráfico. O delegado titular da 25ª DP, Renato dos Santos Miranda, que é um dos suspeitos de envolvimento no esquema, afirmou na época que a cocaína seria vendida pela maior facção criminosa do Rio.

No entanto, a investigação da Polícia Federal revelou que apenas sete malas foram apresentadas pelos policiais, contendo 220 kg de cocaína, enquanto outras dez malas, com aproximadamente 280 kg da droga, foram desviadas. A partir desse momento, as operações Turfe e Déjà Vu foram iniciadas.

A Polícia Federal estava monitorando a droga, que seria exportada para a Europa por meio de um contêiner no Porto do Rio. Segundo a PF, os 500 kg de cocaína estavam armazenados em 17 malas, que seriam apreendidas em um porto estrangeiro.

A investigação identificou o envolvimento do motorista do caminhão, do delegado titular da 25ª DP, de outro policial civil e da irmã de um dos agentes. Cláudio Luiz Cancissu Maia foi preso em 14 de dezembro de 2020, na Avenida Brasil. Em seu depoimento, ele alegou que trabalhava como motorista do caminhão há cinco anos e que o proprietário do veículo era Maxmiller Carvalho da Silva, que possui diversas anotações criminais.

Cláudio afirmou que realizou uma viagem até São Paulo para descarregar o contêiner e depois retornou ao Rio de Janeiro. Antes de devolver o contêiner, ele parou no Complexo da Maré para comprar maconha. Dois homens o abordaram e o obrigaram a entrar na comunidade, onde traficantes colocaram a carga de drogas no caminhão.

A apreensão da droga foi possível graças a uma denúncia anônima recebida pela Polícia Civil. Durante a abordagem, os policiais relataram que o motorista não apresentou a documentação da carga, mas afirmou que estava levando a droga para o Porto do Rio. Os policiais encontraram sete bolsas de viagem com os 203 tabletes de cocaína. Em seus depoimentos, os policiais afirmaram que o motorista estava nervoso e surpreso com a quantidade de droga.

A nova operação da Polícia Federal, chamada de Déjà Vu, tem como alvo quatro policiais civis, incluindo um delegado, acusados de desviar a apreensão e vender 280 kg de cocaína. A operação cumpre oito mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro e em Araruama. Os agentes foram afastados das suas funções e terão que usar tornozeleiras eletrônicas.

As investigações apuram os crimes de tráfico de drogas, peculato e organização criminosa. A Justiça determinou o sequestro de patrimônio no valor de R$ 5 milhões. O secretário de Polícia Civil do Rio, Marcus Amim, afirmou em entrevista coletiva que a instituição não precisa de “babá”, referindo-se à corregedoria da polícia, que já faz um trabalho de fiscalização e responsabilização dos agentes.

Na quinta-feira, outra operação da Polícia Federal em conjunto com o Ministério Público do Rio prendeu quatro agentes da Polícia Civil e um advogado por tráfico de drogas. Os cinco foram acusados de negociar a entrega de 16 toneladas de maconha com traficantes utilizando viaturas da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas. A investigação é um desdobramento de uma operação realizada no ano passado contra uma organização criminosa de tráfico internacional de drogas.

As operações Turfe e Déjà Vu revelam a complexidade dos esquemas de tráfico de drogas e a presença de agentes da lei envolvidos nessas atividades criminosas. A atuação da Polícia Federal é fundamental para desmantelar essas quadrilhas e levar os envolvidos à Justiça.

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