Dia Nacional de Combate à Sífilis destaca a importância do diagnóstico precoce e tratamento adequado para gestantes e toda a população.

No último sábado, dia 15 de outubro, foi celebrado o Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita, com o objetivo de conscientizar a população sobre os riscos dessa doença, além de informar sobre métodos de prevenção e incentivar a participação dos profissionais da saúde e dos administradores de sistemas de saúde em iniciativas que contribuam para a educação sobre o assunto. O foco deste ano foi destacar a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado da sífilis nas gestantes durante o período pré-natal, nas mulheres e nos homens.

A sífilis, causada pela bactéria Treponema pallidum, tem várias manifestações clínicas e diferentes estágios, como a sífilis primária, secundária, latente e terciária. Nos estágios primário e secundário da infecção, a possibilidade de transmissão é maior. A doença pode ser transmitida por meio de relações sexuais sem o uso de preservativos com uma pessoa infectada ou para a criança durante a gestação ou parto.

Na sífilis primária, o primeiro sinal é uma ferida, geralmente única, no local de entrada da bactéria, podendo ser no pênis, vulva, vagina, colo do útero, ânus, boca ou outros locais da pele. Essa lesão, chamada de cancro duro, não dói, não coça, não arde e não tem pus, podendo estar acompanhada de ínguas na virilha. A ferida desaparece sozinha, independentemente de tratamento.

Já na sífilis secundária, os sintomas aparecem entre 6 semanas e 6 meses após o aparecimento e cicatrização da ferida inicial. Podem surgir manchas no corpo, incluindo palmas das mãos e plantas dos pés, além de febre, mal-estar, dor de cabeça e ínguas pelo corpo. As manchas desaparecem em algumas semanas, mesmo sem tratamento.

No estágio assintomático, a doença não apresenta sinais ou sintomas, e está dividida em sífilis latente recente (até 1 ano de infecção) e sífilis latente tardia (mais de 1 ano de infecção). A duração dessa fase pode variar e ser interrompida pelo surgimento de sintomas da forma secundária ou terciária.

A sífilis terciária pode surgir entre 1 e 40 anos após o início da infecção, apresentando principalmente lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podendo levar à morte.

Dados do Ministério da Saúde revelam um aumento considerável dos casos de sífilis no Brasil nos últimos anos. De janeiro a junho de 2022, foram registrados 122 mil novos casos da doença. Do total, 79,5 mil são de sífilis adquirida, 31 mil são de casos em gestantes e 12 mil são de sífilis congênita, transmitida da mãe para o bebê.

De 2016 a 2021, o número de casos aumentou significativamente. Em 2016, foram registrados 91.506 casos de sífilis, com taxa de detecção de 44,6 para cada 1.000 habitantes. Já em 2021, o número subiu para 167.523 casos, com taxa de detecção de 78,5 para cada 1.000 habitantes. O número de gestantes infectadas também aumentou, passando de 38.305 casos em 2016 para 74.095 em 2021, com a taxa de detecção subindo de 13,4 para 27,1 para cada 1.000 gestantes. O número de casos de sífilis congênita também teve um aumento, passando de 21.547 casos em 2016 para 27.019 em 2021, com taxa de detecção subindo de 7,5 para 9,9 para cada 1.000 habitantes.

A sífilis congênita é uma preocupação especial, pois os sintomas podem ser semelhantes aos de outras doenças, o que pode levar a diagnósticos equivocados e atrasar o tratamento adequado. A doença passa para o bebê durante a gestação, podendo resultar em perdas fetais ou lesões irreversíveis. O tratamento é feito com antibióticos e exige internação e cuidados especiais para a criança infectada.

Mariana (nome fictício), uma mãe de 23 anos de idade, descobriu que tinha sífilis na maternidade, ao dar à luz sua filha. Poucos dias depois, os exames confirmaram que ambas estavam com a doença. O tratamento foi iniciado, mas Mariana relata que não é fácil, principalmente para a criança, que precisa receber medicamentos injetáveis durante 10 dias.

Ela faz um apelo para que as futuras mães se cuidem e façam o pré-natal regularmente, ressaltando que muitas mulheres negligenciam os exames por considerarem um gasto desnecessário. No entanto, ela destaca que estava saudável e não apresentava sintomas, mas ainda assim acabou transmitindo a doença para sua filha.

Aumentos nos casos de sífilis em 2022 podem estar relacionados à diminuição das notificações devido à pandemia de Covid-19, mas ainda é cedo para afirmar que estamos enfrentando uma epidemia. O diagnóstico da doença pode ser feito por meio de testes rápidos disponíveis nas unidades básicas de saúde, e o tratamento é feito com penicilina, de acordo com o estágio da doença.

É essencial reforçar que o uso de preservativos durante as relações sexuais é uma forma eficaz de prevenir a sífilis, além de realizar o acompanhamento pré-natal adequado. O tratamento da mãe durante a gestação e dos bebês infectados envolve o uso de medicamentos e acompanhamento médico constante. É importante seguir o tratamento prescrito e realizar exames de sangue para confirmar a eficácia da terapia.

Portanto, a conscientização sobre a sífilis e a busca por diagnóstico precoce e tratamento adequado são fundamentais para combater essa doença, garantindo a saúde das gestantes e a prevenção da transmissão para os bebês. A sífilis congênita pode ser evitada se as mães forem diagnosticadas e tratadas corretamente, destacando a importância do pré-natal e da adoção de medidas preventivas.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo