A pressão alta afeta 45% dos adultos brasileiros, revela pesquisa da OMS, em evento que discutirá o tema no dia 31

A pressão alta, também conhecida como hipertensão, não é mais um problema exclusivo da terceira idade. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 45% dos adultos brasileiros têm pressão acima do ideal, sendo que metade desses pacientes sequer sabem disso. Essa realidade é preocupante, uma vez que a hipertensão é o principal fator de risco para doenças graves como AVC e infarto.

Para discutir esse tema tão relevante, será realizado o Encontros, um evento que contará com a participação de renomados especialistas no assunto. O encontro acontecerá no auditório da Editora Globo, no Rio de Janeiro, no próximo dia 31, às 9h30, e está com as inscrições abertas ao público.

A pressão arterial é considerada ótima quando está em 120 por 80, passando para a faixa de normal a alta quando ultrapassa 130 por 85. A partir de 140 por 90, entra-se no quadro da pressão alta e a pessoa é considerada hipertensa. A hipertensão é uma doença crônica e multifatorial, podendo ter causas genéticas, ambientais e relacionadas ao estilo de vida.

Atualmente, as doenças cardiovasculares causam mais de 350 mil mortes no Brasil a cada ano, sendo que a hipertensão está diretamente associada a pelo menos 45% desses óbitos. No entanto, muitas pessoas desconhecem que possuem pressão alta, já que essa condição é muitas vezes assintomática ou apresenta sintomas vagos, o que dificulta o diagnóstico e o correto tratamento.

As complicações diretas da pressão alta são grave e frequentes. A hipertensão pode causar lesões em órgãos como coração, artérias, retina e rins, aumentando o risco de problemas cardíacos, entupimento das artérias e doenças renais. Quanto mais tempo sem tratamento, maiores são as chances de complicações.

Para piorar o cenário, os casos de hipertensão estão aumentando devido a diversos fatores. Além dos fatores genéticos e ambientais, o estilo de vida desempenha um papel fundamental no desenvolvimento da doença. O consumo excessivo de alimentos industrializados, falta de fibra na alimentação, tabagismo, obesidade, consumo excessivo de álcool, estresse crônico e sedentarismo são apenas alguns exemplos de hábitos prejudiciais que contribuem para a hipertensão.

É preocupante também a falta de conhecimento das pessoas sobre sua própria condição. A OMS estima que metade dos hipertensos não sabe que possui pressão alta. Isso ocorre porque a maioria dos casos não apresenta sintomas, e quando os sintomas surgem, a doença já está estabelecida há algum tempo.

Para evitar o subdiagnóstico da pressão alta, é importante que as pessoas verifiquem a pressão arterial regularmente, mesmo sem apresentar sintomas. As diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) recomendam que todas as crianças acima de 3 anos tenham a sua pressão verificada anualmente pelos pediatras.

Um dos grandes desafios no tratamento da hipertensão é a baixa adesão ao tratamento. Muitos pacientes param de tomar os medicamentos por conta própria, seja por falta de sintomas, custo dos medicamentos, negação do diagnóstico ou falta de comunicação eficaz por parte dos profissionais de saúde. Essa falta de adesão ao tratamento é preocupante, já que estudos mostram que apenas de 43% a 67% dos pacientes têm a pressão controlada no Brasil, e no mundo, 4 em cada 5 pessoas não recebem o tratamento adequado.

O tratamento da hipertensão deve ser individualizado e inclui medidas não farmacológicas, como mudanças no estilo de vida, perda de peso, atividade física, higiene do sono e técnicas de relaxamento. Quando essas medidas não são suficientes, o uso de medicamentos pode ser necessário. Atualmente, os avanços na área da medicina permitem o uso de formulações que combinam dois ou três medicamentos em uma única pílula, facilitando a adesão ao tratamento.

Além disso, as novas tecnologias têm o potencial de melhorar o diagnóstico e tratamento da hipertensão. A telemedicina, por exemplo, amplia o acesso ao atendimento médico, principalmente para pessoas que não possuem um especialista próximo. Outra tecnologia promissora são os smartwatches, que conseguem monitorar a pressão arterial ao longo do dia e enviar os dados para avaliação médica.

No entanto, é importante ressaltar que o acesso a essas tecnologias ainda é limitado devido ao custo elevado. Por isso, além das inovações médicas, é necessário implementar políticas públicas amplas que garantam o acesso ao tratamento da hipertensão para toda a população. Um exemplo positivo é a Farmácia Popular, que disponibiliza medicamentos para hipertensão a preços mais acessíveis desde 2004.

Em resumo, a hipertensão é um problema de saúde grave e silencioso que atinge cada vez mais os brasileiros. É fundamental conscientizar a população sobre os riscos e medidas de prevenção da pressão alta, além de estimular o diagnóstico precoce e a adesão ao tratamento. Somente com ações conjuntas dos profissionais de saúde, governantes e sociedade será possível reduzir os altos índices de hipertensão no país.

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