Estudo revela perfil das pessoas que compartilham notícias falsas sobre vacinas no Brasil

Um estudo realizado pelo Centro de Pesquisa em Comunicação Política e Saúde Pública da Universidade de Brasília (CPS/UnB) revelou que pessoas com idade entre 35 e 44 anos, com nível de educação inferior ao ensino médio, das classes D ou E e frequentadoras de igrejas evangélicas são as que mais compartilham notícias falsas sobre vacinas no Brasil. A pesquisa, intitulada “A Comunicação no Enfrentamento da Pandemia de Covid-19”, ouviu 1.845 pessoas com acesso à internet no mês de agosto.

Segundo o pesquisador responsável pelo estudo e coordenador do CPS/UnB, Wladimir Gramacho, isso não significa que todas as pessoas com essas características compartilham notícias falsas, mas indica que pessoas que compartilham esse tipo de desinformação costumam ter essas características. Ele também ressalta que, em comparação com outros estudos sobre desinformação na internet, é possível observar que o comportamento das pessoas que divulgam informações incorretas varia de acordo com o tema.

No caso específico das vacinas, o padrão identificado é diferente de outros países. Wladimir afirma que isso pode ser explicado pelo fato de pessoas mais velhas terem sido socializadas em um período em que o Brasil alcançou grandes avanços em seu Programa Nacional de Imunizações.

A metodologia utilizada na pesquisa consistiu na seleção de uma amostra nacional por meio de um cadastro online com mais de 500 mil inscritos, levando em consideração cotas de gênero, idade, região e classe social para representar adequadamente a população brasileira. Os participantes responderam um questionário online no qual foram convidados a compartilhar 12 notícias sobre vacinas, sendo metade verdadeiras e metade falsas.

Entre os pesquisados, 11,3% afirmaram que compartilhariam pelo menos uma das notícias falsas, enquanto 3,7% afirmaram que compartilhariam cinco das notícias inverídicas.

Além das características das pessoas que compartilham notícias falsas, a pesquisa também analisou os hábitos de mídia dessas pessoas. Foi observado que aquelas que mais espalham desinformação são as que têm nas mídias digitais a principal fonte de informação, especialmente nas plataformas Telegram e Tik Tok. Já em relação à televisão, principal meio de informação no país, os resultados mostraram que os espectadores do Jornal Nacional têm metade das chances de divulgar notícias falsas em comparação com os espectadores do Jornal da Record.

Os pesquisadores pretendem apresentar uma análise sobre as possibilidades de intervenção para diminuir a disseminação de informações incorretas durante o 2º Seminário A Desinformação Científica como um Problema Público Transnacional, que ocorrerá no dia 7 de novembro na Faculdade de Comunicação da UnB.

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