Tapeçaria de Burle Marx é restaurada e retorna ao Congresso Nacional após ato de vandalismo

Após três meses de trabalho intenso, a tapeçaria de Burle Marx, estimada em R$ 4 milhões pelo Instituto Burle Marx, finalmente retornou ao Salão Negro do Congresso Nacional nesta segunda-feira (23). A obra, que havia sido arrancada da parede e vandalizada durante a invasão ocorrida em janeiro, foi restaurada e é a 19ª de um total de 21 peças recuperadas.

A diretora-geral do Congresso Nacional, Ilana Trombka, destacou o retorno da tapeçaria como um símbolo da vitória da democracia. Segundo ela, a obra volta para o lugar de onde nunca deveria ter saído e representa a resiliência do Parlamento diante das agressões sofridas. A tapeçaria conta um pouco da história da construção de Brasília, que foi pensada para ser a guardiã dos Poderes, da democracia e do diálogo. “Não conseguiram nos tirar esse papel, ainda bem”, afirmou Trombka.

A peça, com quase cinco metros de largura, foi enviada para um ateliê de São Paulo para ser restaurada. Durante o processo, uma equipe do Senado acompanhou diariamente todo o trabalho, inclusive aos fins de semana e feriados. Cristina Monteiro, coordenadora do Museu do Senado, expressou sua emoção ao receber a obra de volta à Casa e mencionou os próximos itens a serem restaurados: o painel vermelho de Athos Bulcão e o quadro da assinatura da primeira constituição republicana, de Gustavo Hastoy.

Para a realização do trabalho de restauração, foi necessária a contratação de uma empresa especializada, pois a equipe de restauradores do Serviço de Conservação e Preservação do Museu não tinha espaço físico e estrutura adequada para tratar obras de grande porte. Em São Paulo, Raul Carvalho coordenou uma equipe de oito restauradores, que contou também com um especialista em restauro de têxtil.

O processo foi complexo devido à solubilidade de algumas lãs, o que poderia manchar a tapeçaria se ela fosse lavada. Antes de iniciar o restauro, a obra passou por um tratamento de esterilização com radiação gama no Instituto de Pesquisas Nucleares da Universidade de São Paulo. Em seguida, foi feita a limpeza com solventes orgânicos para remover a sujeira, os resíduos de pó de extintor de incêndio e a poluição. O rasgo foi fechado e um forro de tecido em poliéster resistente foi aplicado. Além disso, fitas de velcro foram adicionadas para auxiliar na fixação da parede.

Todo o processo de restauração foi orçado em R$ 170,3 mil. Devido ao alto valor da obra de arte, uma transportadora especializada foi contratada para realizar o transporte e um seguro no valor de R$ 28,9 mil também foi feito. O custo total da restauração e dos serviços relacionados foi de R$ 236,2 mil.

A tapeçaria de Burle Marx faz parte do acervo do Museu do Senado, que possui ainda três telas pintadas com técnicas variadas. Exposta no Salão Negro do Congresso Nacional, a obra mede 3,28m por 4,83m e foi criada em 1973. Suas formas irregulares e assimétricas, em tons de verde, vermelho, azul, preto e branco, criam imagens que variam conforme o olhar do espectador, características típicas do trabalho do paisagista e arquiteto Roberto Burle Marx.

A restauração da tapeçaria de Burle Marx é um passo importante para a preservação do patrimônio brasileiro e representa o resgate de uma peça valiosa para a história do país. Além disso, mostra a determinação do Congresso Nacional em proteger suas obras e simboliza a resistência da democracia diante de ataques e vandalismo. A obra restaurada volta a ocupar seu lugar de destaque no Salão Negro, onde poderá ser admirada por todos os cidadãos que visitarem o Congresso Nacional.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo