Comissão de Infraestrutura aprova projeto para derrubar regras tarifárias da ANEEL que afetam estados do Nordeste

A Comissão de Infraestrutura (CE) aprovou nesta terça-feira (24) um projeto de decreto legislativo que tem como objetivo derrubar duas regras tarifárias da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) que afetam os estados do Nordeste. Essas regras, se mantidas, tornariam mais cara, a partir de 2028, a transmissão de energia excedente produzida na região.

As resoluções alvos do projeto são a 1.024 e a 1.041, ambas de 2022, e elas alteram o cálculo das tarifas de Uso do Sistema de Transmissão (Tust) e de Uso do Sistema de Distribuição (Tusd). Essas mudanças estabeleceram um período de transição até 2028 para que os geradores de energia paguem mais para utilizar as linhas de transmissão a fim de escoar a energia produzida. As resoluções também aumentam o “sinal locacional”, que é um fator que compõe as tarifas e leva em consideração a distância entre as geradoras de energia e os centros consumidores.

Um dos principais argumentos do relator do projeto, o senador Otto Alencar (PSD-BA), é que essas regras afetam negativamente as geradoras de energia eólica localizadas no Norte e no Nordeste, que exportam o excedente de energia produzida para o Sul e o Sudeste do país. Ele acredita que a consequência disso será a migração de projetos e investimentos entre as regiões, prejudicando o desenvolvimento econômico.

Durante a votação, o senador Cid Gomes (PDT-CE) criticou a medida da ANEEL e afirmou que favorece a concentração de renda ao retirar dos estados mais pobres uma fonte de desenvolvimento. Ele ressaltou que essa lógica vai contra qualquer programa de desenvolvimento regional e de fomento às energias sustentáveis.

Por outro lado, o senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) se mostrou contrário ao projeto e argumentou que a derrubada das resoluções beneficiaria apenas a região Nordeste, enquanto estados das regiões Norte e Centro-Oeste também utilizam energia transmitida e, portanto, poderiam se beneficiar com o atual arranjo. Ele defendeu que é mais vantajoso para essas regiões investir na geração própria de energia.

Apesar dos argumentos contrários, o projeto foi aprovado e seguirá agora para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Alguns senadores das regiões Norte e Centro-Oeste votaram a favor do projeto por diferentes motivos. Marcos Rogério (PL-RO) e Alan Rick (União-AC) preferem levar a discussão para a CCJ. Já Jayme Campos (União-MT) criticou as práticas da ANEEL e acredita que é necessário fazer ajustes na agência.

O projeto de decreto legislativo busca reverter as regras tarifárias da ANEEL e manter a transmissão de energia excedente mais acessível para os estados de menor desenvolvimento econômico. A discussão sobre o assunto continuará na CCJ, onde serão avaliados os impactos e as possíveis alternativas para a questão.

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