Repórter Recife – PE – Brasil

Morte do miliciano Faustão e ônibus incendiados em confronto com a polícia transformam Zona Oeste do Rio em cenário de guerra.

A morte do miliciano Matheus da Silva Rezende, conhecido como Faustão ou Teteus, durante uma operação policial em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, resultou em um verdadeiro caos nas ruas da região. Como retaliação, dezenas de ônibus foram incendiados em sete bairros, prejudicando o transporte de mais de um milhão de pessoas. Além disso, o clima de tensão levou ao cancelamento das aulas em 12 escolas.

O governador Cláudio Castro comemorou a ação policial nas redes sociais, o que gerou críticas por parte de especialistas em segurança pública. Para Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os episódios recentes, como o assassinato de médicos por engano na Barra da Tijuca e a prisão de policiais por tráfico de drogas e corrupção, revelam a fragilidade do estado nessa área.

Lima argumenta que falta uma política de segurança efetiva no Rio de Janeiro, o que demonstra a fraqueza do governo. Ele destaca que a milícia continua desafiando o Estado e acredita que as operações policiais são realizadas de forma reativa, ou seja, em resposta à provocação dos criminosos. O especialista enfatiza a importância de uma política pública que separe a polícia da política, além de um planejamento adequado.

Pablo Nunes, pesquisador do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), também critica a falta de coordenação e planejamento na segurança pública. Segundo ele, é necessário investir em ações de inteligência que desarticulem os grupos criminosos de forma efetiva. Atualmente, as polícias realizam operações sem articulação e planejamento, o que não traz resultados significativos para a população.

Para José Ricardo Bandeira, presidente do Instituto de Criminalística e Ciências Policiais da América Latina, a segurança pública no Rio de Janeiro precisa de um plano eficaz para desarticular as milícias e organizações criminosas que controlam o estado. Ele ressalta que a falta de planejamento e o uso insuficiente de ferramentas de inteligência e investigação resultam em efeitos colaterais, como o ocorrido com os ônibus incendiados.

Esse episódio de violência nas ruas da Zona Oeste do Rio de Janeiro só reforça a crise na segurança pública do estado. Além dos incidentes recentes, como a prisão de policiais civis por tráfico de drogas e corrupção, o assassinato de médicos na Barra da Tijuca e o confronto que resultou na morte do miliciano Faustão, demonstram a falta de planejamento e articulação entre as polícias.

Faustão, sobrinho de um dos líderes da maior milícia do estado, era considerado o segundo homem na hierarquia da organização e responsável por chefiar rondas na Zona Oeste. A operação policial que resultou em sua morte foi realizada pela Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), Polinter e unidades especializadas.

O caos causado pelos ônibus incendiados e o clima de tensão na região mostram a urgência de uma política de segurança pública mais eficiente, que priorize o planejamento, a articulação entre as polícias e o uso adequado de ferramentas de inteligência e investigação. Enquanto a segurança pública no Rio de Janeiro não receber a atenção necessária, a população continuará sofrendo os efeitos colaterais dessa falta de planejamento.

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