Crianças de famílias vulneráveis apresentam risco aumentado para desenvolvimento aquém do esperado, revela pesquisa do Ministério da Saúde.

Um estudo divulgado pelo Ministério da Saúde em parceria com a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, chamado Projeto Pipas – Primeira Infância Para Adultos Saudáveis, alerta para os riscos que crianças de famílias beneficiárias de programas de transferência de renda, famílias em insegurança alimentar e famílias com mães com menor grau de escolaridade têm em relação ao desenvolvimento infantil.

De acordo com a pesquisa, a influência das condições socioeconômicas sobre o desenvolvimento infantil é evidente. Crianças nessas situações têm menos chances de atingir seu pleno potencial de desenvolvimento. A frequência de crianças com risco de desenvolvimento aquém do esperado é de 10,1% entre os menores de 3 anos e de 12,8% entre os maiores de 3 anos. Portanto, é indispensável priorizar crianças em situação de vulnerabilidade.

O estudo utilizou como amostra 13.425 crianças menores de 5 anos em 13 capitais brasileiras, incluindo o Distrito Federal, em 2022. A maioria das crianças está na faixa etária de 37 a 48 meses (21%), seguida pela faixa de 49 a 59 meses (19%). Em 79,6% dos casos, a mãe era a cuidadora principal.

As áreas analisadas no estudo foram habilidades motoras, cognitivas, de linguagem e socioemocionais. Os resultados revelaram que 14,8% das crianças não foram atendidas por uma equipe de saúde em sua primeira semana de vida, o que impacta diretamente na redução da mortalidade e no aumento do índice de amamentação. Além disso, apenas 57,8% das crianças menores de 6 meses estavam em aleitamento materno exclusivo, o que é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde.

Outro dado preocupante é que 24% das crianças menores de 3 anos não tinham nenhum livro infantil ou de figuras no domicílio. É fundamental que as famílias sejam orientadas sobre a importância desse estímulo no desenvolvimento infantil. Além disso, 33,2% das crianças menores de 3 anos assistem a programas ou jogam na televisão ou em dispositivos eletrônicos por mais de duas horas diárias.

Além disso, o estudo revela que 33% e 35% dos cuidadores de crianças menores de 3 anos consideram que gritar ou dar palmadas são medidas necessárias para educá-las. Essas práticas disciplinares punitivas podem ter efeitos negativos no desenvolvimento das crianças.

No entanto, nem tudo é desanimador. A pesquisa mostra que 75,6% das crianças menores de 3 anos são envolvidas por outro membro da família em pelo menos quatro atividades de estímulo, como leitura, contação de histórias, canto e brincadeiras. Isso demonstra a importância do apoio familiar no desenvolvimento infantil.

Por fim, é preocupante que 42,8% dos cuidadores de crianças menores de 3 anos relataram nunca ter recebido informações sobre desenvolvimento infantil por profissionais da saúde, educação ou assistência social. Isso reforça a necessidade de uma abordagem intersetorial, com a colaboração de diferentes áreas para garantir o progresso adequado das crianças em situação de vulnerabilidade.

Portanto, é fundamental investir em políticas públicas e aprimorar ações nas áreas da saúde, educação e assistência social, visando melhorar o desenvolvimento infantil e reduzir as desigualdades sociais que impactam diretamente no futuro das crianças do Brasil.

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