Candidata única da oposição venezuelana enfrenta investigação por organização das primárias internas

A política venezuelana María Corina Machado, líder do partido liberal Vente Venezuela, foi anunciada como candidata única da oposição nas eleições presidenciais do país. Esse anúncio ocorreu um dia após o Ministério Público iniciar uma investigação contra os organizadores das primárias da oposição.

María Corina Machado recebeu 92% dos votos das primárias, dos cerca de 2,4 milhões de votos registrados pela Comissão Nacional das Primárias (CNP). No entanto, o governo venezuelano rejeitou esses resultados, classificando-os como fraudulentos. O presidente da CNP, Jesús María Casal, afirmou que as primárias são uma conquista democrática, constitucional e eleitoral, sem fazer referência direta à investigação aberta pela Justiça.

O procurador Tarek William Saab anunciou a abertura de uma investigação contra Casal, sua vice-presidente Mildred Camero e outros membros da organização das primárias da oposição. Saab designou dois magistrados para conduzir essa investigação, que envolve suposta usurpação de cargos eleitorais e de identidade, além da legitimação de capitais e associação para a prática criminosa. Camero afirmou que estará presente quando convocada pelo Ministério Público, defendendo-se das acusações e afirmando que elas serão discutidas no tribunal.

As primárias da oposição foram organizadas independentemente, sem a gestão do Conselho Nacional Eleitoral (CNE). O CNE propôs adiar o processo por um mês para poder administrar a eleição, mas a oposição decidiu seguir em frente sem a participação do conselho. Esse processo foi criticado pelos dirigentes chavistas, que alegaram manipulação dos números. María Corina Machado condenou a “ofensiva” contra a CNP e defendeu a legitimidade e os resultados das primárias.

Apesar das controvérsias, a oposição venezuelana segue unida em torno da candidatura de María Corina Machado, que será a representante para enfrentar o governo chavista nas eleições presidenciais de 2024. Essas eleições foram acordadas entre a oposição e o governo no último mês, em um acordo firmado em Barbados. O acordo prevê observação internacional nas eleições e define que elas ocorrerão no segundo semestre de 2024. No entanto, ainda há pendências a serem resolvidas, como a situação de opositores desqualificados, incluindo Machado.

A situação política na Venezuela segue complexa e polarizada, com acusações mútuas entre o governo e a oposição. A investigação aberta pelo Ministério Público contra os organizadores das primárias da oposição apenas intensifica essa polarização e gera dúvidas sobre a transparência e a credibilidade do processo eleitoral. Resta aguardar os desdobramentos desse caso e como isso afetará o cenário político do país.

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