Fim da cobrança da passagem no transporte coletivo público urbano avança: 2023 é o ano com maior adesão ao passe livre pleno.

O passe livre no transporte público urbano tem se tornado uma realidade cada vez mais comum nas cidades brasileiras. Em 2023, o número de municípios que adotaram o sistema de tarifa zero atingiu o seu ápice, com 22 localidades aderindo ao passe livre pleno, que abrange todos os dias da semana. Esses dados são resultado de uma pesquisa realizada pelo pesquisador da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP), Daniel Santini, especializado em políticas públicas de mobilidade e transporte coletivo.

De acordo com o estudo, o Brasil tem atualmente 84 cidades com o passe livre no sistema de transporte, sendo a maioria delas localizadas no estado de São Paulo, com 24 municípios adotando a tarifa zero. Em seguida, temos Minas Gerais, com 23 municípios, Paraná, com dez, e Rio de Janeiro, com nove. Entre as cidades com maior população que aderiram ao passe livre, destacam-se Caucaia (CE), Maricá (RJ), Ibirité (MG), Paranaguá (PR) e Balneário Camburiú (SC).

Santini ressalta que o ano de 2023 teve um aumento significativo na adesão ao passe livre, seguindo uma tendência de crescimento rápido nos últimos anos. Essa tendência está relacionada à crise enfrentada pelo transporte público coletivo em todo o país. Um exemplo alarmante é o município de São Paulo, que perdeu cerca de 1 bilhão de passageiros nos ônibus entre 2013 e 2022. Com a diminuição do número de passageiros, torna-se cada vez mais difícil manter o equilíbrio financeiro do sistema por meio da receita das passagens. Isso cria um ciclo vicioso, onde o aumento da tarifa acaba reduzindo ainda mais o número de passageiros.

Diante desse cenário preocupante, Santini destaca a necessidade de buscar novas possibilidades de financiamento e organização do transporte público. No município de São Paulo, por exemplo, vereadores propuseram um projeto de lei que prevê a implantação do passe livre parcial, especialmente para pessoas de baixa renda cadastradas no Cadastro Único e desempregados registrados no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados. O projeto está em tramitação na Câmara dos Vereadores e aguarda análise na Comissão de Constituição, Justiça e Legislação Participativa.

Além disso, no final do ano passado, a prefeitura de São Paulo solicitou um estudo de viabilidade para a adoção do passe livre na cidade. O projeto Tarifa Zero está sendo desenvolvido pela São Paulo Transporte (SPTrans), empresa pública responsável pela gestão do transporte no município. No entanto, o levantamento ainda não está concluído e não há detalhes disponíveis sobre a possível implantação do passe livre.

Esses avanços na adoção do passe livre demonstram a necessidade de repensar o modelo de financiamento do transporte público coletivo no país. É fundamental encontrar alternativas viáveis e sustentáveis para garantir o acesso à mobilidade urbana, principalmente para as camadas mais vulneráveis da população. O passe livre surge como uma solução promissora nesse sentido, incentivando o uso do transporte público e contribuindo para a melhoria da qualidade de vida nas cidades brasileiras.

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