Governo brasileiro envia recursos financeiros para brasileiros presos na Faixa de Gaza durante conflito

No último dia 25 e 26, os 32 brasileiros que estão presos na Faixa de Gaza receberam recursos financeiros do governo brasileiro para comprar alimentos, água e materiais de primeira necessidade. O dinheiro foi transferido através do Escritório da Representação do Brasil em Ramala, na Cisjordânia.

Enquanto realizava suas compras na manhã desta quinta-feira, o brasileiro Hasan Rabee presenciou uma bomba caindo próxima ao mercado da cidade Khan Yunis, ao sul da Faixa de Gaza. Visivelmente assustado, Hasan expressou sua indignação com os constantes ataques: “Não dá para sair de casa. Tem que parar isso, pelo amor de Deus. Estou aqui na feira comprando coisas e a bomba cai do lado da feira. Absurdo.”

Hasan, que mora em São Paulo, foi à Gaza com sua esposa e suas duas filhas para visitar a família, pouco antes do início do conflito. Ele relatou que não encontra água mineral nem gás de cozinha na região. “Água mineral comprada a gente não tem, porque você não acha. Antigamente, 500 litros de água potável custavam 10 shekels, hoje 500 litros custam 100 shekels, mas você não acha nunca. Não tem energia para filtrar essa água. Frutas são muito difíceis de achar na feira. A única coisa que a gente encontra bastante é o pepino, o resto não é fácil de encontrar”, disse Hasan.

Além disso, a família está há três dias sem gás de cozinha. “Esses recursos não valem nada se você não está achando para comprar. Comida, estamos fazendo enlatados e conservados, como lata de atum, carne e mortadela enlatada. Mesmo assim, farinha de trigo e pão não encontramos”, lamentou.

Hasan também mencionou a dificuldade de acesso à água encanada, já que a água só chega até o térreo do prédio onde estão hospedados, e eles estão no terceiro andar. “Você tem que descer com galões de 20 litros, enchê-los e depois subir e descarregar. É sofrimento demais”, desabafou.

Outro grupo de brasileiros, composto por 16 pessoas, está na cidade de Rafah, e a brasileira Shahed al-Banna, de 18 anos, informou que também fizeram compras para suprir suas necessidades básicas. “Compramos farinha, óleo, azeite, verduras, queijos e shampoo”, afirmou Shahed.

Apesar da ajuda financeira recebida pelos brasileiros, entidades de ajuda humanitária alertam para a insuficiência de alimentos e mantimentos na Faixa de Gaza. De acordo com o Escritório para Assuntos Humanitários da ONU, os cerca de 20 caminhões de ajuda humanitária que entram em Gaza diariamente representam apenas 4% do volume médio de mercadorias que entravam antes do início do conflito.

Diante dessa situação precária e do risco constante representado pelos ataques, os brasileiros aguardam ansiosamente pela autorização para deixar a região do conflito e retornar em segurança ao Brasil.

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