Segundo o comunicado divulgado pela reitoria, a partir da sexta semana de paralisação, os estudantes não terão mais oportunidade de recuperar as aulas perdidas. O calendário acadêmico continuará seguindo seu curso normal e será concluído no dia 22 de dezembro, como estava previsto anteriormente.
No entanto, a Associação de Docentes da USP (Adusp) recebeu a notícia com indignação e encaminhou um ofício ao Conselho de Graduação da USP solicitando a revogação dessa normativa. Para a entidade, essa decisão é uma retaliação ao movimento estudantil, limitando a possibilidade de reposição de aulas e estabelecendo uma redução no percentual de frequência, o que poderá resultar em reprovações indevidas e injustificadas.
Essa ameaça de reprovação por falta pode acarretar na perda da vaga na instituição para alguns alunos, visto que não é permitida a reprovação em todas as disciplinas em um mesmo semestre.
Diante desse cenário, o Diretório Central de Estudantes (DCE) da USP organizou um protesto em resposta a essa decisão. Em nota, eles afirmam que essa possibilidade de reprovação é uma punição política. A greve dos estudantes foi motivada pela falta de professores, e o DCE alerta para a possibilidade de extinção de alguns cursos devido à falta de docentes e funcionários, como os cursos de Letras-Coreano, Editoração, Pedagogia de Ribeirão Preto e Formação de Atores.
O reitor Carlos Gilberto Carlotti confirmou que a USP perdeu 879 docentes entre 2014 e 2022. Já os estudantes afirmam que há um déficit de mais de mil professores. Atualmente, apenas a FFLCH e a Escola de Artes, Ciências e Humanidades mantêm a paralisação, enquanto as outras 40 escolas e faculdades da universidade retomaram as atividades. Os professores e funcionários da FFLCH também aderiram à greve.
Questionada sobre a consulta à comunidade acadêmica em relação à decisão de reprovação por falta, a reitoria informou que todos foram devidamente comunicados. A situação continua gerando grande tensão entre a administração da universidade e os estudantes em greve.