Mãe sequestrada pelo Hamas no sul de Israel: o pesadelo contínuo de Ella Ben Ami

A jovem Ella Ben Ami, de 23 anos, passa por um verdadeiro pesadelo todas as noites. Sua mãe foi sequestrada pelo movimento islâmico palestino Hamas no dia 7 de outubro. Desde então, ela tem vivido em um estado de angústia constante, imaginando sua mãe deitada no chão, com as mãos amarradas, sem acesso a água ou comida.

Ella e sua mãe eram moradoras do kibutz Beeri, no sul de Israel, um local que foi invadido pelo Hamas. Eles foram levados para um hotel no Mar Morto, onde vivem agora como se estivessem “mortos-vivos”. Seu pai também foi sequestrado, e Ella conta que vivenciou o sequestro de ambos através das mensagens que recebeu do pai durante as 18 horas em que ela e seu namorado ficaram encurralados em um abrigo antimísseis.

O caso de Ella não é isolado. Segundo a gestão do kibutz Beeri, 85 pessoas perderam suas vidas durante os ataques do Hamas, e outras 32 estão desaparecidas, possivelmente feitas reféns. Esse episódio macabro marca a maior perda de civis judeus em um único dia desde a Shoah, o Holocausto. As autoridades israelenses relatam ainda que esses ataques foram acompanhados de tortura, mutilações e estupros, resultando em mais de 1.400 mortes.

Três semanas após os ataques, os sobreviventes do kibutz Beeri estão lutando para recuperar o equilíbrio psicológico. O trauma é imenso e afeta pessoas de todas as idades. Os especialistas israelenses em saúde mental estão sobrecarregados com a quantidade e a diversidade dos traumas. O Ministério da Saúde lançou uma campanha de recrutamento para enfrentar essa situação, considerada um “evento de saúde mental sem precedentes”.

Segundo Merav Roth, psicanalista e professora da Universidade de Haifa, além dos traumas individuais, há o trauma coletivo da comunidade do kibutz, que confiava no Estado e no Exército e se sente abandonada. Os moradores do kibutz Beeri estão agora abrigados em um hotel, onde recebem apoio de voluntários para tentar lidar com a tragédia.

Celina Rozenblum, psicoterapeuta da ONG israelense IsraAid, especializada em ajuda de emergência, reconhece a dificuldade de restaurar a sensação de segurança em meio a uma guerra em curso. Muitas pessoas se isolam em seus quartos, incapazes de lidar com o horror que viveram. É o caso de May, de 14 anos, que sobreviveu ao ataque junto com sua mãe. Embora tenha sido atingida por um tiro, ela reluta em buscar ajuda psicológica, sentindo-se incompreendida pelos que não viveram o massacre.

Ella também expressa sua dor e tristeza, se sentindo como um “envelope vazio por dentro”. Ela se preocupa especialmente com sua filha, que presenciou cenas terríveis durante os ataques. Ela chora ao dizer que a menina de 14 anos não deveria passar por uma situação tão traumatizante.

A tragédia vivida pelo kibutz Beeri é um triste exemplo do impacto devastador dos conflitos na região. Enquanto os bombardeios de Israel na Faixa de Gaza continuam, ambos os lados sofrem com perdas e traumas profundos. Resta esperar que um dia a paz possa prevalecer e que nenhuma pessoa tenha que passar por uma situação tão horrível como a vivida por Ella e pelos moradores do kibutz Beeri.

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