Brasil caminha para o “superenvelhecimento” e demanda políticas voltadas aos idosos, aponta Censo 2022 do IBGE

O Censo 2022, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que a população brasileira está envelhecendo de forma mais acelerada do que nas décadas anteriores. Especialistas alertam que o país caminha para um cenário de “superenvelhecimento” e, por isso, serão necessárias políticas específicas voltadas para os idosos.

De acordo com os dados do Censo, o número de pessoas com 65 anos ou mais aumentou 57,4% desde o último levantamento realizado em 2010, totalizando cerca de 22,1 milhões de indivíduos nessa faixa etária. Além disso, já existem 4,6 milhões de pessoas com mais de 80 anos no Brasil. Esses números demonstram um claro envelhecimento da população e demandam a implementação de políticas de cuidado para atender às necessidades dessa parcela da sociedade.

A demógrafa Dalia Romero, pesquisadora do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica (Icict/Fiocruz), ressalta que o direito a envelhecer não é igualmente distribuído no Brasil. Ela afirma que existem desigualdades sociais nesse processo, com grupos como mulheres negras e indígenas tendo uma expectativa de vida menor em comparação com a população branca. Portanto, é fundamental investir na redução das desigualdades e trazer os homens para assumir a responsabilidade pelos cuidados com os idosos.

Além do envelhecimento da população, o Censo também revelou uma diminuição no número de crianças e adolescentes com até 14 anos. Para o economista Naercio Menezes Filho, professor do Insper, essa redução pode ter impactos positivos para o futuro da educação e da segurança pública. No entanto, ele ressalta que é necessário saber utilizar adequadamente os recursos disponíveis para melhorar o aprendizado e que a criminalidade é maior na faixa etária entre 14 e 19 anos.

É importante destacar que o envelhecimento da população traz consequências tanto para a Previdência Social, que terá menos jovens e adultos contribuintes no futuro, quanto para os gastos com saúde, já que haverá um aumento na demanda por serviços médicos. Para lidar com essas questões, será necessário promover a produtividade do mercado de trabalho, que atualmente está concentrado em atividades de baixa qualificação.

No entanto, o economista alerta que muitos jovens estão empregados em trabalhos informais e pouco produtivos, como motoristas de aplicativos, o que dificulta o crescimento da produtividade. Além disso, fatores como a saída das mulheres do mercado de trabalho ao engravidar também contribuem para essa falta de crescimento econômico. Portanto, é necessário buscar soluções para esses desafios há muito tempo presentes na sociedade brasileira.

Diante desses dados, o Brasil precisa se preparar para um futuro em que a população idosa terá um peso cada vez maior na sociedade. A implementação de políticas voltadas para os idosos, a redução das desigualdades sociais e o investimento na educação e segurança pública são medidas fundamentais para garantir uma qualidade de vida adequada para todas as faixas etárias e enfrentar os desafios que virão com o envelhecimento do país.

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